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Klaus Behrens, um brasileiro de coração

por redação

Um bate-papo descontraído com o germano-paraguaio radicado no Brasil Klaus Behrens, apaixonado pelo São Paulo Golf Club e vice-presidente da CBG

texto_Henrique Fruet_fotos Zeca Resendes

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Não dá para falar em São Paulo Golf Club, o mais antigo clube de golfe do Brasil e um dos melhores, sem pensar em Klaus Behrens – e vice-versa. Foi ele, por exemplo, quem incentivou a criação da Escolinha de Golfe SPGC Henkel, que já formou dezenas de campeões. Ele também criou competições já tradicionais no clube, como a Henkel Embrase, a Copa Brasil-Alemanha e o Torneio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Behrens nasceu no Paraguai, quando os pais, alemães, trabalhavam para o Banco Germânico para a América do Sul (os amigos brincam que ele é um “alemão falsificado no Paraguai”). De lá, a família se mudou para os EUA e, depois, para a Argentina. Dos sete países em que viveu, o local onde ficou menos tempo foi justamente a Alemanha, onde estudou comércio internacional por dois anos e onde começou a trabalhar na Henkel. Foi justamente a empresa que o fez entrar para o golfe, aos 48 anos de idade, já no Brasil, onde a presidia. Paraguaio, alemão, argentino – não importa: Klaus hoje é um brasileiro de coração. Ele tem uma paixão pelo esporte e pelo clube que poucos possuem, como você pode conferir na entrevista que se segue.

Como você começou a jogar golfe?

Eu já estava no Brasil, trabalhando na Henkel. Jogava tênis na época. Nunca tinha pensado em jogar golfe. Aí meu chefe na Alemanha me pediu para organizar um jogo para ele aqui no Brasil. Falei com alguns amigos do São Paulo GC, que jogaram com ele. Eu esperei o jogo terminar na sede. Depois, no buraco 19, ele sentou do meu lado e perguntou: “Behrens, por que você não joga?”“Porque eu jogo tênis”, respondi. “Tem que jogar golfe, pois é bom para os negócios”, me disse. Tentei argumentar que era muito caro, mas ele falou que a Henkel ia pagar tudo e que eu ia virar sócio do clube. Aí eu comecei a jogar.

Foi difícil o começo?

Foi complicado me adaptar, mas, como já tinha jogado hóquei na grama, já tinha um certo feeling. Sempre pratiquei esportes. Na juventude, fui campeão argentino de remo duas vezes. O São Paulo GC virou minha segunda casa.

E sua família, joga golfe?

Quando comecei, falei para a minha namorada na época, a Sueli, hoje minha esposa: “Se quiser seguir namorando comigo, vai ter que jogar golfe, pois sábado e domingo vou ficar no clube”. Ela topou, e pouco tempo depois estava jogando melhor do que eu. Hoje ela é handicap 14, e eu, 22. Ela joga bem. Já foi capitã do clube. Ela trouxe três filhos para nosso casamento, e eu trouxe dois. Um deles, o Renato Estefano, filho dela, chegou a ser um dos melhores jogadores do Estado de São Paulo.

kl-bComo surgiu a Escolinha?

Eu levava o Renatino para o clube e ele reclamava que lá só tinha pessoas mais velhas. Aí sugeri para o profissional da época, ao Anísio dos Santos (hoje no Terravista), usar o campinho de par 3 para atrair jovens. Aí surgiu a Escolinha de Golfe SPGC Henkel. O campinho foi feito pelo Ricardo Rossi, quando ele era capitão.

De onde surgiram os torneios que você criou?

Vi que meu chefe tinha razão: o esporte era mesmo muito bom para os negócios. Por que não fazer torneios? Aí nasceram três competições, em épocas diferentes. A primeira foi o Henkel/Mercedes-Benz, com etapas todas as sextas-feiras, e com um torneio maior anual. Hoje o torneio se chama Henkel Embrase. Neste ano o torneio não aconteceu por causa da reforma do campo. Também criamos o Torneio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em sua nona edição, e o Torneio da Câmara Brasil-Alemanha, que realizou neste ano sua quinta edição. Todos os três sempre tiveram muito sucesso.

O que o golfe trouxe de bom para você?

Na parte pessoal, consegui formar um bom núcleo de amigos, pois jogava sábado e domingo. O fato da minha esposa jogar ajudou muito. Além disso, conheci o mundo através do golfe. Sempre procuramos viajar para lugares onde, além de turismo, poderíamos jogar golfe. Como Bali, por exemplo. Lá tem um vulcão apagado e, dentro da cratera, tinha um campo de golfe. O único lugar para onde viajamos onde não pudemos jogar foi Pequim, pois na época ainda não tinha golfe. Combinamos o turismo com o golfe. Sempre vemos coisas diferentes. Na parte de negócios, ajudou muito. Consegui fazer excelentes contatos para a Henkel. No golfe você está jogando por mais de quatro horas e ainda tem o buraco 19. É um grande poder de relacionamento.  O golfe modificou minha vida. Passei a só pensar no esporte.

Ajudou você com o estresse?

Nasci estressado, com vontade de ação. No golfe, aprendi a ser mais calmo, senão ia jogar mal. No tênis, a raquetada libera sua raiva. No golfe, é preciso muita tranquilidade e suavidade e coordenação, então tem que baixar o estresse.

Você se adaptou bem ao Brasil?

Sim. Tenho uma história engraçada da minha chegada. Logo no primeiro dia na Henkel, eu estava muito atarefado, lendo muitos papéis. Chegou o meio-dia, e ia pedir para minha secretária me conseguir um sanduíche. Quando abri a porta da sala, ela estava com um sanduíche não mão. Me estendeu e perguntou: “Está servido?” Peguei o sanduíche, disse “muito obrigado” e fui para minha sala comer, impressionado com a competência da secretária. Não sabia ainda desse costume brasileiro de oferecer a comida (risos).

Tem histórias boas do golfe?

Muitas! Tive uma experiência interessante na Bahia. Um parceiro de negócios me convidou para jogar naquele campo que na época era do Hotel Quatro Rodas, em Salvador. Quando chegamos no tee do 1, tinha dois caddies para cada jogador. Aí ele me explicou: um levava a taqueira e lhe entrega o taco, e o outro leva as bebidas geladas e ia na frente para ver onde a bola caia. Foi bom, pois estava muito quente.

E sua experiência na CBG?

Para mim foi uma grande satisfação fazer parte da Confederação Brasileira de Golfe, para onde fui a convite de Paulo Pacheco. Foi muito interessante, porque vi coisas diferentes no esporte, conhecendo de perto os problemas e vendo a preparação dos jogadores. Foi muito interessante ir ao Mundial Amador, no México, como delegado do Brasil. Participaram 71 países. Do ponto de vista internacional, falei de golfe com pessoas com quem nunca havia imaginado conversar, como por exemplo com os delegados do Zimbábue, da Mongólia, da Bulgária e da Eslovênia. A organização foi fantástica. Tudo funcionou. Durante a assembleia da IGF, houve só elogios em relação aos Jogos Olímpicos Rio 2016. Fiquei muito orgulhoso.

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