Golfe & Turismo

Mudanças a caminho: novas regras de golfe a partir de 2019

Desde o início (o primeiro código único remonta a 1744), as regras do golfe são consideradas de difícil interpretação, complicadas de ler e de traduzir nos inúmeros idiomas em que o código é transposto, mas principalmente complexas de aplicar. Muitos “incidentes” sobre as regras, em todos os níveis de jogo, da caça ao handicap aos torneios do PGA Tour, foram imputados devido à dificuldade das regras ou ao fato de não se perdoar erros não imputáveis diretamente ao jogador (lembramos, por exemplo, quando, durante o desempate no Campeonato Mundial de Dubai de 2010, Ian Poulter deixou cair o marcador, uma moeda, movendo sua bola e, consequentemente, perdendo no play-off por causa da penalidade que recebeu por isso). Portanto, para tornar as regras mais simples em sua aplicação (evitando ao máximo que o jogador seja penalizado devido à difícil interpretação), para que o jogo de golfe seja mais cativante (especialmente para os novatos), rápido e que flua, e para responsabilizar mais o jogador pela honestidade na aplicação das regras, pela lealdade aos outros jogadores e pelo respeito no campo, começou em 2012 um processo de modernização que se concluiu em março de 2018.

Mais de 1.500 páginas de propostas, integrações, novas definições e cancelamentos levaram o Royal & Ancient (R&A) e a Associação de Golfe dos Estados Unidos (USGA) a anunciar ao mundo, em 12 de março de 2018, aquelas que serão as regras do golfe a partir de janeiro de 2019. Pela primeira vez na história, tal mudança também passou pelo envolvimento dos golfistas de todo o mundo, já que, de março a agosto de 2017, solicitaram opiniões e impressões deles, convidando-os também a sugerir propostas alternativas (chegaram mais de 22 mil) para buscar desenvolver um código o mais compartilhado possível entre os profissionais da área e os golfistas.

As mudanças decididas influenciarão de maneira considerável o jogo. Entre elas, podemos indicar:

Entre os diversos pontos analisados nestes anos pelos comitês de regras existem vários itens que, após uma atenta análise, não foram modificados. A dimensão do buraco, por exemplo, embora  por diversas partes fosse solicitada a sua ampliação, continua a mesma para garantir a quem é mais habilidoso desfrutar de seus dotes. Também foram inúmeros os pedidos para permitir um drop com a bola de um divot no fairway. O argumento foi objeto de inúmeras reuniões, mas depois se decidiu manter as coisas como estão. O motivo principal é que, em todo caso, a bola deve sempre ser jogada como se encontra (fora algumas exceções); permitir um drop de um divot teria perturbado esse fundamento das regras, mas, sobretudo atrasado o jogo (pensamos apenas no fato de que quando uma bola está em uma simples depressão do terreno, não em um divot, quantas discussões haveria para decidir o que fazer).

Os manuais das regras estarão disponíveis em três edições diferentes. As “Regras do Golfe”, que concentrará todas as regras; uma edição para o jogador, que será um condensado do livro com as regras que efetivamente servem em campo, com muitas ilustrações para facilitar sua compreensão; e o “Guia Oficial sobre as Regras do Golfe”, que substituirá o livro das decisões, atualmente usado principalmente pelos profissionais da área e árbitros, mas que também trará o guia para os comitês, o elenco das regras locais utilizáveis e as regras modificadas para jogadores deficientes. Muitas das “antigas decisões” foram inseridas nas regras, por isso, este último não será mais o livro com mais de mil decisões revistas a cada dois anos; se R&A e USGA trabalharam corretamente, o guia oficial não deve ser muito mais retocado nos próximos anos.

O verdadeiro desafio para os comitês de regras de cada país é divulgar corretamente o novo código. Se, por um lado, está praticamente tudo pronto e, consequentemente, os golfistas de todo o mundo podem começar a ser “educados” com relação às novas regras desde já, por outro, o risco de criar confusão é grande

* Nota: o termo drop indica, no golfe, a ação de remover uma bola de uma posição que não é útil para a continuação do jogo, que pode ser um obstáculo ou um terreno em reparo. Deve-se, sucessivamente, fazer com que a bola caia livremente das mãos do jogador a uma distância que pode ser, conforme o caso, de uma ou duas vezes o tamanho de um taco tirado da própria bolsa. A ação pode provocar a aplicação de uma penalidade quando se remove a bola de um obstáculo de água ou de outra natureza; não comporta nenhuma penalidade se a bola se encontra em uma área definida como terreno em reparo.

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