No momento em que preparávamos a edição 54 de Golf & Turismo, chegavam dos EUA dados impactantes que não poderiam ficar de fora: 12 torneios dos últimos 17 do PGA Tour foram conquistados por jogadores com menos de 30 anos de idade.
E não para por aí: o novo número 1 do mundo, Dustin Johnson, já tem lá seus “32 anos”, mas os três que o precederam no trono – McIlroy, Spieth e Day – tinham respectivamente 22, 21 e 27 quando chegaram ao topo da classificação pela primeira vez.
Entretanto, Fowler, Matsuyama, Thomas, Spieth, Rahm, Hughes e Swafford são os nomes que completam os registros das últimas semanas e, se Swafford com as suas 29 primaveras é o mais velho do grupo desses “juniores” do PGA Tour, cabe ao espanhol Rahm abaixar a média desse registro com o frescor de seus 22 aninhos.
Obviamente, todos eles competiam pelo título do Masters, vencido pelo espanhol Sergio García (37 anos), e todos sabiam muito bem que, na hora da verdade, aquele que se revelasse nos últimos 9 buracos do domingo à tarde do Augusta teria as suas eventuais chances de vitória condensadas em uma única resposta a uma simples pergunta: quanto realmente vale o Paletó Verde?
Vale a pena saber por que o golfe de alto nível está se tornando, dia após dia, cada vez menos um jogo para “velhos”.
É importante lembrar também que Brooks Koepka, de 27 anos, conquistou o seu primeiro Major ao vencer o US Open disputado em Erin Hills, no Wisconsin (EUA), em 18 de junho. Agora, ele é o 10º no ranking mundial.
“Os progressos tecnológicos recentes dos equipamentos com certeza ajudaram os jovens a despontar. Se não gosta de jogar com ferros longos, hoje existem os híbridos; se tem problemas de slice com o driver, é só ajustar para um draw e a sua bola voa reta”, afirma Rory McIlroy.
Se a essas “maravilhas” na taqueira se juntam os progressos obtidos nas técnicas de ensinamento, além do Trackman no campo de prática, fica ainda mais fácil entender por que hoje em dia nos torneios de todo o mundo alguns começam a vencer cada vez mais cedo.
No Omega Dubai Desert Classic deste ano, o próprio Tiger Woods, que bateu todos os recordes de precocidade na carreira, teve que admitir que “os jovens de hoje se tornaram mais difíceis de enfrentar. Até pouco tempo atrás nem era tão importante bater a bola com força, bastava lançá-la reta, porque os rough eram altos. Agora, os jovens nem se preocupam com isso; chegam no tee de saída, colocam o seu tee bem alto e definitivamente explodem com o driver. Os rough baixaram e as distâncias cobertas são tão altas que para o green os jovens têm sempre a mão tacos de tamanho médio”.
Os jovens, praticamente, fazem aquilo que Woods fazia há 20 anos, com a diferença que hoje muitos conseguem, enquanto naquela época milagres do gênero eram prerrogativa exclusiva de Woods e de pouquíssimos outros eleitos.
Neste quadro de “juventude no poder”, não é esquecida outra peça não menos importante: a preparação atlética mais precisa, um fator determinante.
Concluindo, se a soma de equipamento novo, métodos mais modernos de ensinamento, instrumentos tecnológicos mais aperfeiçoados, preparação atlética mais nova dá como resultado jovens jogadores no topo, no entanto, também é verdade que, como dizem os americanos, “down the stretch”, nos momentos decisivos de um torneio como o Masters, não será mais a distância, ou a potência, ou a precisão que ditarão as regras, mas o coração e aquela fatídica pergunta: “Quanto realmente vale esse Paletó Verde?”
Porque no fundo, apesar de tudo, o golfe de altíssimo nível ainda continua sendo mais um jogo de controle dos nervos do que de controle dos músculos.