Golfe & Turismo

Herik Machado: melhor golfista brasileiro no ranking mundial amador

Amador número 1 do Brasil, o gaúcho Herik Machado fala sobre o começo da carreira, do dia em que suas pernas tremeram no tee e de seus ídolos e fãs

por Henrique Fruet | Fotos Zeca Resendes

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“Galo cinza”, assim, em letras minúsculas, é como é chamado no Rio Grande do Sul alguém bom de briga. Galo Cinza, com maiúscula, é como foi apelidado por amigos o jovem golfista gaúcho Herik Machado. A fala mansa, o sorriso simpático e um jeito um pouco tímido lembram tudo, menos briga. Mas deixa o guri pisar no campo de golfe e espetar a bola no tee, que aí vem a transformação. O Galo Cinza vira uma fera e mostra a que veio.

Aos 19 anos, Herik Machado é o principal amador do Brasil e melhor golfista nacional no ranking mundial amador, o WAGR. A cada tacada, a cada campeonato que participa, Herik nos lembra de que vale a pena apostar na base. De família pobre, ele foi descoberto pelo projeto Novos Talentos, da Federação Rio-Grandense de Golfe em parceria com o Clube Campestre de Livramento, em Santana do Livramento (RS), onde nasceu.


No ano passado, o Galo Cinza foi campeão individual sul-americano e 3o lugar em equipes no Chile, campeão do Faldo Series South America Championship e 3º na final mundial do torneio criado por Sir Nick Faldo. Já jogou em diversos países da América do Sul, nos EUA, no Japão e na Europa.

Herik conversou com Golf & Turismo durante uma partida no Belém Novo Golf Club. Jogou do tee branco junto com outros amadores (incluindo este repórter). Fez 8 abaixo nos 18 buracos, mas saiu de cara feia do campo. Queria mais. Como um bom galo cinza.

Com que idade você começou a jogar?

Entrei no projeto Novos Talentos lá em Livramento com 10 anos. Eu tinha ido para a seletiva só para acompanhar os amigos. Não estava com muita vontade de jogar. Eu tinha um primo que era caddie, e ele já tinha me ensinado a dar umas tacadas e a bater na bola. Mas aí comecei a fazer swing com um pedaço de pau e insistiram para eu dar umas tacadas. Acabaram me convidando para entrar no projeto. Depois que entrei, achei massa. Golfe é um esporte muito legal, é fantástico. No começo, eu era meio vagabundo. Mas depois comecei a me esforçar. Via o Sandro Gonçalves e meus amigos maiores jogando torneios fora, e eu queria jogar também. Comecei a treinar mais e a focar. O Sandro era uma referência. Queria chegar nele, para podermos viajar juntos.

Achava que iria ganhar dele algum dia?

Achei que iria demorar, mas agora está fácil (risos).

O que o golfe trouxe para sua vida?

Não sei o que seria de mim sem golfe. Consegui muitos amigos pelo esporte. Viajei bastante também. Adquiri confiança e conto muito com os meus amigos. Tenho também muito apoio da Confederação Brasileira de Golfe, que tem apostado muito em mim, e também do Belém Novo Golf Club, que criou o time de Alta Performance e tem investido bastante na minha carreira.

No que você pensa antes de um torneio?

Tento me focar mais. Geralmente, você erra mais se está nervoso. Mas eu jogo melhor quando estou nervoso ou quando me distraio. Penso sempre em fazer o par do campo. Quando sai menos, é bem bom.

Qual foi o torneio mais legal que você já jogou?

Para mim foi o Latin America Amateur Championship. Joguei as duas edições que aconteceram e é o torneio mais top, disparado. A edição deste ano, que aconteceu na República Dominicana, foi espetacular. O Teeth of the Dog é um campo sensacional. E joguei bem. Mas fui muito mal nos três últimos buracos nos três dias e aí subi muitas tacadas, mas esse é o golfe. Se não tivesse acontecido isso, poderia estar perto da liderança.

Que experiências mais marcantes você teve com o esporte?

A mais forte foi disputar o Mundial Juvenil no Japão no ano passado. Eu estava muito, mas muito nervoso. Meu corpo não respondia ao que eu queria fazer. Eu tremia na hora de bater na bola. Foi algo muito forte. Estava feliz, mas muito nervoso também. Esse torneio no Japão me ajudou bastante, pois nunca mais fiquei tão nervoso. Aprendi a ficar mais tranquilo.

Quem são seus ídolos?

Tiger Woods, Jordan Spieth e Rick Fowler. O Tiger ganhou tudo e tinha garra. Quando precisava, dava tacadas impossíveis para ganhar um torneio. O Jordan Spieth é meu ídolo porque já ganhou vários torneios ainda muito jovem, e isso me inspira. Ele me mostrou que nada é impossível. E o Rick Fowler porque tem bom swing, boa pinta e joga bem (risos).

E você já percebeu que está virando ídolo da molecada?

Não sei lidar muito bem com isso, mas é bacana. Sempre quando dá, eu falo com os meninos mais novos, jogo putter com eles, converso com eles, dou um incentivo, pergunto como foi o jogo. É muito legal vê-los tentando chegar aonde eu cheguei. Dou o maior incentivo. Eles me ouvem muito.

O que o tira do sério no campo?

Quando eu erro, cara… Errar um putt muito curto, dar três putts ou botar a bola fora são coisas que me deixam muito bravo. Eu me cobro muito. Mas acho que todo mundo fica bravo com isso, né? (risos)

Você jogou 8 abaixo e saiu bravo do campo…

Na verdade, saí feliz, mas fiquei bravo pois tive duas chances de fazer birdie e não fiz. Bah, poderia ter jogado 10 abaixo, mas tá bom…

*Dois dias depois, jogando do tee azul, Herik jogou -9 e bateu o recorde do Belém Novo Golf Club.

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