O golfe desenvolve foco, educação, saúde, amizades, respeito à Natureza, integridade. Como produto o golfe é absolutamente fantástico.
Se o golfe fosse carro seria uma Ferrari, Porsche, Mercedes, Lexus ou Audi.Se golfe fosse vinho seria um Brunello de Montalcino, um Malbec colhido a 1.200 metros, um Gran Cru, um Rioja envelhecido 20 anos. Se uma jóia, poderia ser um colar de diamante lapidado pelos melhores ourives.
Mais no Brasil o golfe tem poucos bons vendedores para chegar ao público apropriado, captar patrocínios, novos praticantes, interessar empresas para entrar no esporte. Alguns poderiam ter sucesso como ambulantes de genéricos, mais sem chance como vendedores do golfe.
Nada de inflar números porque o produto não é para empresas que operam com massas. Como muitos políticos e eleitores constataram recentemente, a mentira tem pernas curtas. O pessoal de marketing de grandes empresas no Brasil pode conhecer pouco de golfe, porém não admite ser induzido a erros sérios.
É um produto único. Como tal deve ser vendido olho no olho. É um esporte que mexe com músculos, cérebro e com a alma. Deve ser vendido com o se cuida de uma orquídea.
Golfe possibilita que uma marca seja recebida como um membro da tribo, um amigo presente nos bons momentos, num relacionamento diferente e poderoso. Quantidade pouco importa. Ninguém compra um quadro clássico perguntando pelo seu peso. No mundo do golfe abundam os verdadeiros indicadores de tendências e formadores de opinião.
Ao mesmo tempo os vendedores do golfe devem atingir grande parte da população para atrair novos praticantes com o cuidado de não vender gato por lebre, nem instalações decadentes como sendo de elite, como também assistimos desolados. Tem mercado para carros velhos porem com publicidade para carros usados.
O aproveitamento de todas as mídias resulta efetivo e básico para fazer subir o número de praticantes mantendo o foco que temos um produto diferenciado.
Excelente exemplo desse aproveitamento foi dado por Álvaro Almeida, no começo do século quando foi inaugurado o centro de treinamento da FPG. Esses anos foram pródigos em eventos e relacionamento intenso com o apoio da imprensa geral e especializada, sempre prestigiada e alentada para parcerias despertando o interesse pelo esporte.
Toda semana eram convidados jornalistas de veículos gerais para conhecer o golfe. O centro de treinamento da FPG – então Kaiser Golf Center – estourou em público e na formação de grupos de golfistas que depois passaram a ser sócios de diferentes clubes. Outros dirigentes mudaram essa estratégia de atração e alentos de parcerias… Adivinhe o caro leitor se deu certo…
Voltemos àsestratégias vencedoras. Damha em São Carlos, Terras de São José em Itú eTerraville próximo a Porto Alegrecontrataram provados palestrantes martelando sobre os benefícios do golfe para a saúde e para família e convidaram grupos de pessoas que tinham perfil para comprar terrenos.
Também como usaram palestrantes para treinar funcionários e caddiespara atender os usuários desse produto diferente. Esses empreendimentos são hoje referencias de ponta nas suas respectivas cidades provando que golfe e negócios marcham juntos com os vendedores e decisões apropriadas.
No caso de Quintas do Golfe, em Ribeirão Preto, o sucesso foi devido em grande parte ao bombardeio do jornal da cidade – que era propriedade do empreendedor principal – durante um ano sobre as vantagens de possuir um terreno junto a um campo de golfe. Todos os mais de 200 terrenos da primeira fase foram vendidos na primeira manhã de vendas. Com comunicação efetiva as vendas funcionam.
Recentemente o mundo do golfe lamentou o fechamento do campo do deslumbrante resort Malai Manso, em Mato Grosso. Também nesse caso não foram utilizados os vendedores ideais para levar golfistas a esse local como seriam os comunicadores que cotidianamente lidam com todos os praticantes de golfe do país.
Existe uma gigantesca brecha para expandir o golfe. A legislação atual proíbe novos projetos em municípios que não resolveram o problema sanitário dos aterros sanitários. Nesses locais somente da para plantar grama pelo perigo do gás metano produzido pelo lixo. Temos exemplos de campos de golfe construídos na Europa sobre antigos lixões sanitários e o deslumbrante Buenos Aires Golf Club, na capital argentina.
Com o advogado Orlando Augusto, especialista em Parcerias Publico Privadas (PPP), tentamos numa época sensibilizar alguns prefeitos para construir campos de golfe que valorizariam a área circundante e possibilitariam encontrar uma saída sanitária e legal para o município, além de lazer a comunidades esquecidas, porem faltou o engajamento das instituições do golfe para avançar.
Porem entre tapas e beijoso jogo pode virar. Com vendedores com perfil adequado, motivação, compromisso, competência e paixão o golfe brasileiro pode atingir o patamar que merece no cenário esportivo, econômico e social do país. Uma pitada de humildade sempre ajuda.
* Guillermo Piernesé jornalista e consultor. Autor de Liderança e Golfe. Editor do site Golfe Empresas.