Aberto do Guarapiranga: profissional é campeão 25 anos depois do primeiro título. Amador entra para o ranking mundial // Thais Pastor/F2 Comunicação
Três vitórias de virada marcaram a rodada final do 49º Campeonato Aberto Masculino e Feminino do Guarapiranga Golf & Country Club, no domingo, 13 de novembro, no campo construído ao lado da Represa de Guarapiranga, na zona sul da cidade de São Paulo: as de Ronaldo Francisco, do Quinta do Golfe, que venceu o torneio profissional com R$ 100 mil em prêmios; de Enzo Lee, do São Fernando, que entrou para o Ranking Mundial Amador de Golfe (WAGR), aos 18 anos, ao ganhar a primeira grande competição da carreira; e de Marina Nonaka, do Arujá, que está embarcando para defender o Brasil na WALA, a competição latino-americana mais importante do golfe amador.
A vitória de Ronaldo Francisco teve um sabor especial para esse profissional de 51 anos. Afinal, ele conquistou os dois primeiros títulos de sua carreira em 1997, ano da primeira temporada completa de Tiger Woods como profissional, no próprio Guarapiranga, sendo que a segunda dela derrotando o paraguaio Carlos Franco, ganhador de quatro torneios do PGA Tour, por ampla margem. Ou seja, há 25 Ronaldo, head pro do Quinta do Golfe, de São José do Rio Preto, mantém-se no rol dos campeões.
Champions Tour
Ronaldo encontra-se num momento especial da carreira, uma vez que vinha se preparando física e tecnicamente para disputar as seletivas para o Champions Tour, o circuito sênior do PGA Tour. Mas, na última hora, promessas de patrocínio para pagar o alto custo da empreitada – só de inscrição são US$ 3,5 mil – não se concretizaram e ele teve que cancelar a viagem. Assim, o Brasil terá apenas um jogador nessas seletivas, seu amigo Rafa Barcellos, do São Paulo Golf Club, que já embarcou para os EUA. Ronaldo, só em 2023.
Ronaldo começou a terceira e última rodada na vice-liderança, com seis abaixo, empatado com Odair de Lima, do Maringá, duas tacadas atrás do líder Axell dos Santos, do Fazenda da Grama. Todos haviam jogado 65, seis abaixo, no sábado, a melhor volta de todo o torneio, igualada ainda pelo amador Enzo Lee, no domingo. Dois profissionais do Guarapiranga vinham a seguir: Rodrigo Lee, que hoje joga no PGA Tour Latinoamérica, com 137 (70-67); e Rogério Bernardo, líder do primeiro dia, com 139 (68-71). Nenhum dos outros 19 profissionais em campo conseguiu chegar sequer perto deles.
Vitória
Apesar de começar o dia com um bogey, Ronaldo assumiu a liderança ainda na primeira metade do campo, com uma sequência de quatro birdies em cinco buracos. O campeão reagiu a um segundo bogey-6, no 8, com mais três birdies, e mesmo fechando a semana com bogey no buraco final, ainda venceu por duas de vantagem com 203 (71-65-67) tacadas, dez abaixo no total.
Faltou pouco para ele ser surpreendido por Rogério Bernardo, que desde que se tornou o primeiro brasileiro negro a ser o número 1 do ranking nacional, ganhou o apelido de “Tiger”, em homenagem a seu ídolo. Depois de perder a liderança no sábado, Rogério partiu para o tudo ou nada e deu certo. Fez dois bogeys, mas também dois eagles-3 e três birdies, para fazer a melhor volta do domingo e ser o vice-campeão com 205 (68-71-66) tacadas, oito abaixo do par.
Mais destaques
Quem também reagiu no domingo foi Rodrigo Lee, que fez seis birdies para jogar duas abaixo e ainda terminar em terceiro, com 206 (70-67-69) tacadas, sete abaixo. Ele dividiu a posição com Axel, o líder da véspera, que fez cinco birdies, mas também errou muito e fez a única volta acima do par da semana entre os cinco primeiros colocados, para somar 206 (69-65-72).
Odair ficou a seguir, com 207 (71-65-71), seis abaixo e 11 tacadas à frente dos demais adversários. Da turma de trás, destaque para Alex Sandro Leite, que jogou 67 na volta final para empatar em sexto; e para Pedro Nagayama, que igualou a melhor volta do dia, com, 66, para ainda ser Top 10.
Masculino
A competição scratch masculina do Aberto do Guarapiranga, teve os amadores jogando ao lado dos profissionais, mas terminou a semana com os três primeiros colocados jogando juntos e separados por apenas uma tacada: Jocimário Souza, do Santa Mônica, liderava com 150 tacadas, seguido por Pedro Miyata, do São Fernando e Fernando Silva, do Campinas Golf Center, com 151. Matheus de Paula, do Damha (156) e Enzo Lee, do São Fernando (157), vinham bem atrás. Como nenhum jogador em campo estava no ranking mundial era certo que o campeão entraria para o WAGR esta semana.
Mas enquanto os jogadores do “pelotão amador” se digladiavam e sem jogar bem, Enzo Lee, que saiu uma hora depois deles, vinha fazendo a melhor volta de sua vida para surpreender a todos, inclusive ele mesmo. Enzo fez quatro birdies nos nove primeiros buracos para jogar três abaixo de ida, e fez mais dois birdies e um eagle-3 no 15, para chegar a sete abaixo no dia e disparar na liderança. Nem um bogey no 16 impediu que ele igualasse a melhor volta dos profissionais e fosse campeão com 222 (77-80-65) tacadas, nove acima e cinco à frente dos adversários.
Salto de qualidade
O jogo de Enzo deu um salto de qualidade no último ano, quando foi fazer high school nos EUA, o equivalente ao nosso ensino médio, e passou a treinar com no mais alto nível, com o objetivo de se fixar naquele país e entrar para uma universidade com um bom time de golfe. Os resultados começaram a aparecer desde setembro, quando obteve os três melhores resultados da carreira: foi vice-campeão do Honda Open – Aberto do Arujá, em setembro, e quarto colocado no Aberto do São Paulo Golf Club, em outubro.
Pedro Miyata, que mesmo sem jogar vem superou por cinco seus companheiros de jogo, tinha sido o líder na sede com 227 (78-72-77) tacadas, certo de que finalmente havia conseguido seu grande objetivo de entrar para o ranking mundial. Ele chegou a estar duas abaixo do par até o buraco sete, mas depois a pressão falou mais alto. Miyata fez três duplos bogeys e dois bogeys nos 11 buracos finais, para ser o vice-campeão, com 227 (78-72-77) tacadas. Ou seja, apenas na volta final Enzo ganhou dele por 12 tacadas.
Destaques
Outros destaques da rodada final foram Matheus de Paula, do Damha, que jogou uma acima, terceiro melhor resultado da semana para terminar em terceiro, com 228 (80-76-72), perdendo o troféu de vice-campeão por apenas uma tacada. Jocimário e Fernando jogaram 11 acima na volta final.
Jocimário terminou em quarto, com 231 (76-73-82) e Fernando para fechar o torneio em quinto, com 232 (78-72-82). Stefano Kim, do Guarapiranga, fez a segunda melhor volta do dia e do torneio para ficar em sexto, com 233 (83-79-71). Na classificação por handicaps índex até 8,5, Jun Yum, do Guarapiranga, venceu com 214 (70-72-72) tacadas, seguido por dois jogadores com 218: Stefano Kim, do Guarapiranga, o vice-campeão (78-74-66), e Alex Kyu Cho, do Riacho Grande, o terceiro colocado (72-75-71) nos critérios de desempate.
Feminino
Entre as mulheres, o torneio vinha sendo dominado por Raquel Shin, do Guarapiranga, jogadora de 54 anos e handicap 5, que não bate longe e é bastante precisa, sobretudo em cima dos greens. Mas depois de liderar por dois dias, ela fez sua pior volta da semana, com um triplo bogey, dois duplos bogeys e quatro bogeys, para ser a vice-campeã, com 242 (81-79-82) tacadas.
Quem virou o jogo foi a juvenil Marina Nonaka, do Arujá. Mesmo depois de passar a semana brigando com o campo, sem conseguir a chave para jogar bem lá, Marina quebrou as 80 tacadas nas duas voltas finais para ser campeã de virada com 241 (83-79-79) e apenas uma de vantagem. Infelizmente, o torneio não alcançou, por quatro tacadas, o índice técnico para valer para o ranking mundial feminino (máximo de 237 tacadas em 54 buracos.
WALA
Mesmo assim, a vitória deu uma grande confiança para Marina, pouco antes de ela embarcar para a Argentina, onde vai ser jogado o WALA, o campeonato Latino-Americano Amador, versão feminina do LAAC, que dá à campeão o direito de jogar três dos cinco majors da golfe feminino profissional: o Chevron Championship, em abril; o Evian Championship, em julho, na França, e o Women´s Open, em agosto, na Inglaterra.
Na classificação por handicaps índex até 16, Juliana Silva Viana Passos, do Riacho Grande, venceu com 220 (74-74-72) tacadas, sete acima, seguida por Catarina Park, do Guarapiranga, com 221 (75-77-69), e Maria Eduarda Souza, do Arujá, com 222 (73-74-75).
Handicaps
Entre os golfistas de handicaps mais altos, que jogaram apenas no final de semana, em 36 buracos, valendo pontos para os rankings da Federação Paulista de Golfe (FPGolfe), Ivair Carlos Tadei, do Imperial, foi campeão com 141 (71-70) tacadas, enquanto Benedito Roque de Souza, do Riacho Grande, que também somou 141 (70-71) ficava com o vice-campeonato nos critérios de desempate. Kendall Dunn, de Bastos, ficou em terceiro, com 143 (72-71). Quatro jogadores empataram em quarto, com 145, entre eles Lyn Ahn, capitão do Guarapiranga, elogiado por todos pela organização do torneio, qualidade do campo e calorosa recepção aos convidados.
Na 14,1 a 19,4 venceu Serginério Vanderlinde, do Riacho Grande, com 138 (74-64), seguido por Ivan Ribeiro, do Guarapiranga, com 144 (72-72), e por Dong Kang, do Guarapiranga, com 145 (76-69). E na 19,5 a 25,7 o título foi para Fabien Dupret, do Sapezal, com 143 (75-68), seguido por João Pedro Altmann, do Sapezal, que teve como caddie a profissional Luiza, sua filha, e foi vice-campeão com 149 (70-79), e Yung Ping, do Guarapiranga, terceiro colocado com 150 (72-78 ).
Na categoria feminina com handicaps índex de 19,5 a 25,7, só deu Guarapiranga no pódio. Ester Jeong Hwa Nam venceu com 138 (71-67), seguido por Min Jung Choi, com 140 (67-73), e por Graça Myoung Hwa Lee, com 141 (66-75). O torneio teve a participação recorde de 28 mulheres, reflexo da grande importância do golfe feminino do Guarapiranga, que tem mais de 80 sócias jogando.
Premiação
A cerimônia de encerramento foi apresentada por Mauro Batista, diretor executivo da FPGolfe, que teve a mesa formada por Daniel Cho, presidente do Guarapiranga; Lyn Ahn, o capitão; e Shin Kong, diretor geral do clube, além de Ademir Mazon, presidente da FPGolfe. Após a premiação foram sorteados valiosos brindes, incluindo um quadro da artista plástica Ok Hee Jeon, que teve várias de suas elogiadas obras expostas na sede do clube.
