Um bom ensinamento também tem que divertir, logo, capturar a imaginação de um jogador, dar a possibilidade de experimentar e conectar sensações a movimentos específicos e a determinada técnica
De_Nick Bradley | Ilustração fotográfica_Mark Newcombe | Tradução_Vania Andrade
Uma das lições fundamentais para qualquer golfista é a importância de uma ação correta do corpo, traduzível na repetição de um swing sólido. O movimento de rotação, ou seja, o enrolamento e o desenrolamenato do corpo, é superimportante para um resultado eficaz e seguro.
Antes de tudo, trata-se de um fluxo de energia do início ao fim do movimento. Pense no jeito como um pescador lança a mosca… O movimento agraciado na rotação, no momento em que se afasta do alvo, recolhendo a vara com um backswing leve e criando aquele retardo fundamental nos braços, quando o corpo inverte a direção e solta o peso do jato em uma aceleração criada com naturalidade a partir desse movimento cinético.
A primeira imagem (1) mostra a ação de rotação exatamente no início do downswing e o segredo está em inverter o impulso nessa posição quase antes que o backswing se complete. O taco ainda está indo para trás quando o corpo começa o downswing. Observe as franjas na minha perna esquerda, que mostram como o joelho esquerdo está se movendo para a frente em reação ao deslocamento do peso na direção do alvo; é uma imagem muito clara para pensar quando for começar o downswing: faça com que as franjas se movam antes! A imagem seguinte (2) ilustra a reação do resto do corpo em relação ao movimento inicial. Todas as franjas escorrem rapidamente e na direção certa. A última imagem (3) é um finish completamente girado. O joelho direito está praticamente “disparado” na perna esquerda (vai estar mais ainda no momento imediatamente seguinte, mais dinâmico), a linha da cintura está horizontal e o peito virado à esquerda do alvo. Experimente esse exercício com os braços atrás das costas e sentirá bem o fluxo de energia. Exercitando-se, você reforçará o apoio do swing e poderá obter mais velocidade com menos esforço, o segredo dos jogadores do Tour.
Os três pontos fortes
Ao trabalhar com os jogadores do Tour, geralmente é preciso enfrentar problemas de equilíbrio que, porém, não têm nada a ver com o verdadeiro swing. Quando é técnico demais, o jogador perde todas as sensações necessárias a uma boa tacada. Quando é fluido demais, perde a “disciplina” do movimento. Certo nível de jogo requer essas duas qualidades e em proporções iguais.
A imagem acima é para o golfista que primeiro perdeu a disciplina, o corpo e, sucessivamente, o taco. A partir do momento em que o corpo determina o movimento do taco, se as coisas não deram certo, temos que observar o corpo. Os três pontos de referência são a cabeça (e, consequentemente, a coluna vertebral) e os joelhos.
Observe qualquer grande jogador, mesmo voltando no tempo, e perceberá que os três pontos de referência se movem muito pouco e agem sempre como eixo durante todo o resto do trabalho, que se desenvolve acerca deles e em seu suave movimento. Por isso, se estiver em busca de um ponto de partida, tanto para um check-up normal quanto para corrigir algo que o incomoda no seu swing, focalize esses fundamentos e se concentre na exatidão do movimento, determinada pela estaticidade da cabeça e pela estabilidade dos joelhos.
O release do braço direito
O movimento do braço direito pode ser um problema tanto para um bom jogador quanto para um jogador de fim de semana. Quando se tende a fazer hook ou push, o braço direito geralmente fica bloqueado para trás durante a rotação do corpo na descida e depois é levado para a bola por uma trajetória interna demais. Já quem geralmente faz slice tem o braço direito parado e estreito durante o downswing e nas fases seguintes do release e follow-through, quando o braço direito segue, mas fora de sincronia. Em ambos os casos, o braço direito deve ser liberado melhor.
Imagine ter uma lâmina com a intenção de cortar a bola ao meio. Experimente algumas vezes, para ter a sensação da qual estou falando e entender a diferença. Em outras palavras, pense que tem um arco e uma flecha: uma vez alongado o arco para trás, solte-o completamente.
A carta na manga para colocar no buraco: face do taco reta
É um exercício visual que usei com muitos profissionais do Tour, mas provavelmente funcionou melhor na semana em que Justin Rose venceu o Volvo Masters em Valderrama e, consequentemente, o European Tour Order of Merit 2007. É muito simples e realmente eficaz. Grande parte do golfe se baseia na capacidade de perceber ou criar a resistência correta ao bater na bola. Por exemplo, existe, claramente, um tipo diferente de força e de pressão quando se joga com um driver ou um putter. Um é extremamente rápido e duro, o outro, muito mais lento e macio. No livro, convido a praticar o putt com um baralho de cartas em sua caixa (é possível obter a mesma finalidade com uma caixa de fósforos, um bloquinho simétrico de madeira ou um pedaço de perspex). Bem simplesmente, é necessário praticar até quando se é capaz de mover o baralho de cartas (ou caixa de fósforos ou bloco de madeira) em uma linha perfeitamente reta. Quando conseguir, poderá ter a certeza de que a face do seu putter está reta no impacto com a bola. O efeito positivo que se cria é a capacidade de sentir a tacada reta.
Não desloque o peso e seja agressivo…
Sempre acreditei que o segredo para aprender rapidamente deriva da arte de conceituar certa habilidade. Sobre isso, as tacadas da banca causam aos amadores muitos problemas em relação a qualquer outra parte do jogo. A primeira coisa necessária para uma tacada decisiva da banca em torno do green é determinar o ponto de impacto do taco na areia, um ponto nítido e decidido, porque você precisa saber bater sempre o mesmo ponto na areia atrás da bola. Nesse caso, aquilo que mais incide é a distribuição do peso.
Observe minha perna esquerda: a cor vermelha mostra onde você tem que sentir a maior parte da pressão. Uma vez criada a posição, o centro do corpo, mais precisamente o esterno, está na frente da bola. Durante o backswing, essa pressão continua sempre no pé para a frente e não se move dali. Nesse caso, a coisa menos correta a fazer é o deslocamento do peso, tanto que os melhores jogadores de banca mantêm o seu peso firme durante todo o movimento.
O segundo conceito é o efeito “ricochete”. Esse é um elemento-chave dessa técnica. Você poderá se permitir ser bastante agressivo na tacada, soltar o taco com certa velocidade, mais do que sentir o taco escavar, e aproveitar plenamente a fluidez da cabeça do taco pela areia. O efeito “ricochete”, indicado aqui mediante um par de esquis na sola do taco, é positivo porque ajuda a remover uma quantidade superficial de areia. O paradoxo do jogo na banca é que, enquanto se deve ter a sensação de bater com profundidade, o design do sand é tal que, quando se abre a face do taco para criar o efeito de ricochete, a sola do taco quer deslizar pela areia. Portanto, você pode jogar com agressividade e fazer a cabeça do taco deslizar pela areia, pegando areia e bola com velocidade.
Joelhos juntos
Para um swing eficiente, faça com que o joelho direito “ataque” o esquerdo para conseguir unir os joelhos no finish.
Mediante esta sequência de imagens, pode-se observar que fazer os quadris girarem novamente no downswing libera o joelho direito, para que ele possa trabalhar à esquerda na posição de follow-through. A sensação dos joelhos em contato ajudará ainda mais no deslocamento correto do peso no pé esquerdo no downswing. Outra vantagem é que quem tende a ter o ponto mais baixo do arco do swing demais para trás em relação à bola no momento de impacto, mediante o impulso ao finish do joelho direito, conseguirá deslocar aquele ponto do arco do swing mais para a frente em relação à bola, aumentando a possibilidade de fazer uma tacada bola-divot com os ferros. Portanto, permita ao joelho direito tocar no joelho esquerdo e ter o deslocamento correto de peso para o finish, ou seja, na maior parte no pé esquerdo e em equilíbrio na ponta do pé direito.
A tacada baixa
Arnold Palmer uma vez disse que, toda vez que jogava em um campo estreito e repleto de árvores, fazia tacadas mais baixas do que a altura das árvores, ou seja, tacadas tesas e controladas. Sob pressão, a maioria dos melhores jogadores do mundo prefere manter a bola baixa. A seguir algumas sensações úteis para o set-up e o swing, quando for experimentar aquela tacada baixa:
1. Jogue com a bola atrás no stance, o equivalente à própria amplitude da bola (cerca de 5 cm para trás em relação à posição normal). Mais ou menos na frente do esterno.
2. No address sinta-se com os ombros levemente abertos e virados para o alvo. Isso ajudará no momento fundamental em que lança a bola, porque…
3. …porque, com a bola levemente atrás no seu stance, na verdade, a trajetória do taco iria para a direita dessa maneira. Para compensar essa geometria é preciso sentir a rotação à esquerda ao bater a bola (motivo pelo qual os ombros devem estar abertos no início e pré-moldados nessa posição com trajetória pronta, apontando um pouco à esquerda).
4. Se quiser bater baixo na bola, então você precisa se sentir baixo no impacto até o finish. Assegure-se de que o follow-through e especialmente o braço direito estejam baixos e no peito no finish.
Abordagem com backspin: Que satisfação!
Não se trata da rodinha do Mac quando se está perdendo um arquivo importante… mesmo se sabemos alguma coisa. Trata-se simplesmente de uma imagem a ser usada para jogar as abordagens com técnica e determinação, dar backspin à bola, manter sua trajetória sob controle e fazê-la aterrissar na área da bandeira.
Lembro-me de Nick Faldo contar que, para obter backspin com o wedge, imaginava ter um pedaço pequeno de papel-lixa na face do taco e depois visualizava a sensação de atrito da lixa na bola; uma ótima imagem para ter em mente e que vale a pena experimentar. Mas não é a única: imagine ter o que fazer com uma daquelas bolas de praia multicoloridas na qual deseja dar uma tacada para gerar spin e fazê-la girar no momento em que não está mais em contato com a face do taco.
Sempre considere que a velocidade é o fator determinante quando se quer dar spin à bola com o loft. Logo, é preciso levar em consideração dois elementos técnicos: o primeiro é que, pessoalmente, prefiro sempre ver os jogadores de elite e os profissionais do Tour executarem essas tacadas com um ângulo de ataque não muito acentuado, já que não gosto das tacadas profundas, nem dos divots enormes na grama. O segundo elemento técnico é evitar uma flexão excessiva dos pulsos no backswing.
Seria melhor que a maioria dos amadores fizesse a tacada com um backswing mais amplo e com menos jogo de pulsos, eliminando assim uma série de riscos que poderiam levar a uma tacada nada sólida; por isso, é preciso sentir as mãos leves.
Se tiver que fazer as cores de uma bola de praia girarem rapidamente (exatamente o que desejamos fazer com um wedge com o spin), não bata no equador da bola, tocando-a diretamente no centro. Limite-se a triscar rapidamente a parte inferior da bola e assim aquelas cores se confundirão num redemoinho por causa da velocidade adquirida pelo impulso.
Para os mais experientes, pratique a sensação da velocidade das mãos e da cabeça do taco de uma posição de backswing amplo a um finish controlado (observe como Ernie Els joga essa tacada).
Dê o spin na parte externa, não no núcleo. Comece com um swing amplo e, uma vez adquirida familiaridade, experimente depois no release as sensações e a técnica em tacadas com spin e trajetória diferentes.