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Entrevista com Osmar da Costa Sobrinho

por redação
Presidente CBGolfe: Osmar da Costa Sobrinho (Foto: Zeca Resendes)

Novo presidente da cbgolfe detalha planos de democratização do esporte no país

“Agora temos que trabalhar para o engrandecimento de nosso esporte, com muita união”,

declarou Osmar da Costa Sobrinho após a sua eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Golfe (CBGolfe), realizada em 22 de novembro, com votação presencial e, pela primeira vez, também virtual por conta da pandemia do novo coronavírus. 

Terá na pauta a definição de dois assuntos principais: como será o calendário de torneios em 2021, com eventos que ainda estão represados por conta da Covid-19, e os preparativos caso os Jogos Olímpicos de Tóquio sejam realmente oficializados para ocorrer entre 23 de julho e 8 de agosto do próximo ano.

Eleito para o biênio 2021-2022, Sobrinho é advogado e ocupava o cargo de vice-presidente da entidade. Foi diretor jurídico da Federação Paulista de Golfe (FPGolfe), vice-presidente e diretor jurídico da Associação Brasileira de Golfe Sênior (ABGS), diretor jurídico da Fecong e da CBGolfe.

Em 2021, o valor repassado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para a CBGolfe será de R$3.311.942,26, verba a ser utilizada para o desenvolvimento do esporte no País. No plano de trabalho colocado na plataforma de campanha de Sobrinho, há a busca pelo aumento da visibilidade do golfe e o engajamento de novos praticantes, além do trabalho com juvenis, mulheres e profissionais.

Em sua primeira entrevista após a sua vitória, o novo presidente detalhou planos e projetos, além da continuação do comprometimento com o Programa Gestão, Ética e Transparência (GET), do COB.

COMO foi o seu primeiro contato com o GOLFE?
Comecei em 2002, então já são quase 20 anos pelos gramados do Brasil. No belo campo de golfe do Frade, em Angra dos Reis (RJ), participei do meu primeiro torneio, uma experiência inesquecível para todo jogador apaixonado pelo esporte. Nunca mais deixei de participar dos abertos e, depois, também das competições da Associação Brasileira de Golfe Sênior (ABGS). Já o início, as primeiras aulas, foram no driving range da avenida Guido Caloi, na capital paulista. Infelizmente, não existe mais, pois a área foi desapropriada. Nos primeiros anos joguei em muitos campos, porém, a partir de 2006, me tornei sócio do Clube de Campo de São Paulo, e é lá que jogo aos finais de semana.

QUAIS CAMPEONATOS GANHOU?
Como dizem, com toda a razão, o importante é competir, estar com os amigos. O prazer da vitória é bom, logicamente, mas a sensação de estar no tee no primeiro buraco de um torneio é ótima. Ganhei alguns torneios empresariais, dois torneios sul-americanos de sêniores realizados no Brasil. Também tive vitórias no Iberostar, na Bahia, em 2008, e na Argentina, no San Isidro Golf, em 2009. Além disso, venci dois abertos do Clube de Campo São Paulo, todos na minha categoria.

COMO DESENVOLVER O GOLFE NO BRASIL?
No meu modo de ver, a principal ação é aplicar recursos na base, nos golfistas infantis e juvenis, além de criar um estímulo maior para as mulheres praticarem. Como sempre digo, a mulher traz a família para o esporte. Além disso, ter também mais campos públicos e parcerias com os campos particulares e clubes de golfe para que as pessoas conheçam mais o esporte e tenham mais acesso a ele. O futuro do golfe brasileiro também dependerá das condições econômicas do País, pois é fundamental a participação da iniciativa privada neste contexto. O patrocínio e o investimento das empresas sempre foi importante no golfe, e buscaremos mais parcerias para que o número de empresas apoiando o golfe brasileiro aumente. Nosso esporte evoluirá de maneira clara, principalmente aplicando recursos no desenvolvimento dos jovens. Se tudo correr bem, colocaremos um atleta em níveis internacionais com maior visibilidade da mídia.

COMO SERÁ O TRABALHO DOS SEUS VICE-PRESIDENTES?
Eles integrarão a administração de maneira participativa. Como exemplo, teremos o golfe feminino sob a responsabilidade da nossa vice-presidente, a Rossana Marine. A participação feminina no golfe será umas das bandeiras de nossa gestão, pois acredito que o equilíbrio de gêneros deve ser aplicado em todos os campos dos esportes. Faz mais de dez anos que tivemos uma mulher na diretoria da CBGolfe. A Rossana tem experiência administrativa, é presidente da Comissão de Atletas da CBGolfe e vice-presidente do Conselho do Alphaville Graciosa Clube, em Curitiba, no Paraná. Já o Ricardo Turatti de Rose terá funções administrativas e de TI. Nós três atuaremos juntos em muitas frentes de trabalho. o Ricardo também já foi presidente da Federação Rio-Grandense de Golfe e membro do conselho do Belém Novo Golfe Clube, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

COMO AUMENTAR O NÚMERO DE GOLFISTAS NO PAÍS?
Depende de inúmeros fatores. É difícil apontar uma condição especial, mas podemos asseverar que um incremento do esporte na mídia em geral, o aumento dos campos públicos, o desenvolvimento de uma base nas crianças, o maior número de golfistas femininas, entre outros, contribuirão. Todas essas ações levarão ao acréscimo de golfistas no País. Acredito, particularmente, no desenvolvimento da base e no incremento através de um plano de incentivo aos maiores de 65 anos para que voltem a ser federados e tenham privilégios em campos particulares, principalmente nos dias de semana.

COMO SERÁ O TRABALHO COM AS FEDERAÇÕES?
Com relação às federações, o estreitamento das relações com o incentivo ao incremento do número de golfistas federados será o ponto de destaque. Dadas as circunstâncias, em 2020 foram concedidos subsídios consideráveis para as Federações, visando manter as organizações saudáveis. Para o próximo ano, vamos primeiro entender a questão sanitária para, então, tomar qualquer decisão. Para isso, devemos seguir avaliando os anseios e necessidades da comunidade do golfe. Tudo vai depender do cenário econômico.

como será a relação da CBGOLFE com OS PROFISSIONAIS?
Acredito que a categoria profissional deve ter um norte com relação à sua organização institucional. Nesse sentido, a relação será sempre boa com a CBGolfe. A entidade tem programas em que estão inseridos alguns profissionais, e a tendência é de incremento.

COMO INCENTIVAR AS CRIANÇAS?
O incentivo às crianças e jovens golfistas passa pelos programas já existentes, em curso, agregando valores financeiros aos projetos sociais ligados às federações e particulares. Temos muitos bons exemplos, como o Corujinha, em Louveira, interior de São Paulo, e o Japeri, na baixada fluminense do Rio de Janeiro, além do Boa Bola, do Clube Campestre, em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. Além disso, também existem os projetos no Santa Maria Golfe Clube, também no Sul, bem como no Caxangá Golf & Country Club, em Recife. A partir desses modelos, tentaremos desenvolver outros projetos em outros locais do Brasil.

a RELAÇÃO TRABALHISTA DOS CADDIES com OS CLUBES TEM SOLUÇÃO?
A questão da existência ou não do vínculo trabalhista não se define com poucas palavras. A matéria pode ser objeto de uma longa dissertação. Cada caso deve ser visto de forma particular. No geral, a administração do clube deve evitar acúmulos de funções. Estudei esse assunto por longos anos e encontrei decisões que reconhecem o vínculo trabalhista e outras que não. Porém, como disse, todas com fundamentações nas funções desenvolvidas.

A CBGOLFE AJUDARÁ NO DESENVOLVIMENTO do GOLFE ADAPTADO?
Deveremos manter o estreito relacionamento da CBGolfe com o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e com o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, visando a inclusão do esporte em eventos nacionais e internacionais. Além disso, vamos apoiar as ações e torneios de golfe adaptado pelo País, onde já temos bons exemplos de trabalho com atletas portadores de deficiências, como na Associação Esportiva São José, em São José dos Campos, em São Paulo, e no campo Olímpico do Rio de Janeiro.

COMO É UTILIZADA A VERBA DO COMITÊ OLÍMPICO do brasil (COB)?
As verbas são utilizadas no apoio aos atletas amadores e profissionais, na ajuda às federações, nos torneios, além dos projetos sociais. A CBGolfe tem um orçamento aprovado pelas federações e tem que respeitar os limites impostos pelas instituições superiores: o Comitê Olímpico do Brasil, o Ministério da Cidadania e o Tribunal de Contas da União. O valor repassado pelo COB, que será de pouco mais de 3 milhões de reais em 2021, é baseado em um projeto com metas estabelecidas e com objetivos estratégicos bem definidos. Esse projeto é aprovado em reunião com nosso gestor de projetos no Comitê Olímpico e acompanhado durante todo o exercício. Por exemplo, o valor pago ao presidente, atualmente, é em torno de 23 mil reais. Mas vale lembrar que se essa verba não for usada, volta ao COB, pois não pode ser utilizada para outro fim. A verba destinada pelo COB representa a valorização da administração profissional em todos os esportes. Entendo que a verba de representação da entidade é legítima, principalmente se o dirigente tiver que deixar suas atividades profissionais para dedicar o seu tempo ao esporte. Atualmente, nos esportes olímpicos, não há mais espaço para confederações que não tenham o presidente ou secretário-geral atuando em tempo integral e com todo foco na gestão do esporte.

Quais as principais exigências determinadas pelo Ministério da Cidadania, Tribunal de Contas da União e Comitê Olímpico do Brasil?
A principal exigência é a transparência na gestão da coisa pública, que as verbas sejam aplicadas nos seus títulos e, por conseguinte, as prestações de contas focadas na legitimidade dos gastos. É assim que trabalharemos nestes próximos dois anos em prol do desenvolvimento do golfe no País. Desejamos e sonhamos com o sucesso do golfe no Brasil, e a união de todos é fundamental para o sucesso desta tacada.

Fonte: Edição 70 da Revista Golf & Turismo

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