Home Turismo Abu Dhabi: quatro sonhos no deserto

Abu Dhabi: quatro sonhos no deserto

por redação

Fundada em 1791 pela tribo beduína de Banu Yas, Abu Dhabi é a sede do governo dos Emirados Árabes Unidos e administra cerca de dois terços da economia de toda a região. A cidade, que fica numa ilha chamada Rim, é considerada a mais segura de todo o planeta, e 9% de todas as reservas mundiais de petróleo estão localizadas no território do seu emirado

Por Albert Tamietto

É difícil descrever meus sentimentos durante o voo que me levou de Milão a Abu Dhabi. Eu estava indo para um país árabe sabendo que enfrentaria uma realidade muito diferente, mas, ao mesmo tempo, muito parecida com o mundo ocidental. Fiquei, portanto, curioso em saber se a imagem de uma certa forma estereotipada que temos destes países, ou seja,  de uma realidade a meio caminho entre o modernismo e o apego ao passado, tinha algum fundamento.

Desembarquei do avião após seis horas de voo, e assim que entrei no aeroporto, liguei meu celular e me conectei ao poderoso Wi-Fi, muito rápido e sem senha. O controle do passaporte ocorre em um instante e a entrega da bagagem é rápida. Deixo a área da alfândega, entro na fila para o táxi e em breve estou sentado num veículo preparado para transportar passageiros e bagagem, todos juntos (você conhece os velhos táxis ingleses, os pretos com bancos basculantes e o espaço vazio no meio? Bom, esse é muito parecido, mas bem mais moderno). A estrada que conduz ao resort é larga, perfeitamente pavimentada, limpa e arrumada. À primeira vista, um país perfeito, quase uma Suíça no meio do deserto.

Grande Mesquita do Xeque Zayed. É o lugar de culto mais importante dos Emirados Árabes e ocupa uma área de mais de 12 hectares

Nos últimos 20 anos Abu Dhabi está vivenciando uma explosão no setor da construção, na vida cultural e social. Tudo está crescendo rapidamente, de uma forma tumultuosa. É difícil dizer se esta transformação é uma forma de preparar um futuro diferente ligado ao turismo, com o intuito de sair da dependência do petróleo, ou o desejo de surpreender o resto do mundo: talvez seja ambas as coisas.. Por outro lado, não falta dinheiro, nem terra, e o desejo de construir, mesmo que de uma forma apressada, é infinita. Foram contratadas excelências em todos os campos, e arquitetos e engenheiros de todo o planeta deram livre curso à sua fantasia, criando estruturas que em outros lugares mal podem ser imaginadas: a sede da Aldar Properties (um edifício de vidro em forma circular, com 110 metros de altura, sustentado por uma estrutura diagonal de aço); o Louvre Abu Dhabi, cuja cobertura (que hospeda exposições temporárias como a dedicada a Rembrandt, que eu tive a sorte de visitar) parece um enorme ninho; o Emirates Palace, o hotel do luxo absoluto; e os muitos arranha-céus com as formas mais extravagantes que compõem o skyline desta cidade.

Foi justamente a Aldar Properties que lançou a mais impressionante iniciativa para mudar esta cidade, criando na Ilha Yas, na zona nordeste, um complexo com o circuito de Fórmula 1 onde se disputa o Grande Prémio anual, o Hotel Yas com vista para a própria pista, o Ferrari World (parque temático dedicado ao automóvel), o Yas Mall, uma Marina, um parque de diversões aquáticas, o Warner Bros World. E, finalmente, o Yas Links, um campo de golfe que imediatamente entrou no ranking dos 50 mais bonitos do mundo. Desenhado pelo americano Kyle Phillips (também criador de Kingsbarns e Verdura), esse percurso reproduz o modelo inglês de links, além de oferecer um panorama único sobre o golfo. O percurso corre ao longo da praia, com buracos que se flanqueiam uns aos outros na ida e na volta, estendendo-se até ao fundo da península. Fica em frente aos outros hotéis construídos ou em construção, mas sempre do lado do mar, para nunca tirar do jogador o prazer da vista e a brisa indispensável que ameniza o calor. Os buracos são bem movimentados; os bunkers e o rough alto não parecem perigosos, desde que se siga para frente. Os greens, por outro lado, são muito complexos com declives íngremes: não é necessário um mapa para imaginar de que lado a bola irá.

Etihad Towers e, em primeiro plano, o Palácio dos Emirados, hotel de mil e uma noites.

 O nosso imaginário coletivo de golfe a respeito deste emirado remete, porém, ao Abu Dhabi Golf Club, conhecido pela sua enorme Clubhouse que tem a forma de um falcão, o símbolo deste emirado, e onde é disputado o Tour Europeu todos os anos, no mês de janeiro (salvo em períodos de pandemia, é claro). Uma estrutura que influencia (no sentido melhor) a opinião sobre este campo extraordinário, ao tornar ele imediatamente reconhecível.

 O campo foi construído em 1998, ocupa 162 hectares e oferece 27 buracos de campeonato desenhados por Peter Harradine. O percurso conta com fairways magníficos, e é muito bem cuidado esteticamente, com flores e plantas coloridas que ajudam a suportar o calor, e tem sete lagos e 84 bunkers, muitos dos quais de grandes dimensões.

 O fato de haver 4.500 aspersores para irrigar o campo (num campo italiano de 18 buracos há, em média, entre 500 e 700) nos dá uma ideia do esforço necessário para cuidar dessa maravilha situada no meio do deserto.

Os buracos são muito longos, e por essa razão não é preciso escolher os batedores mais avançados: caso contrário, por vezes, vai precisar usar a dropping zone da lagoa onde a sua bola caiu. O campo é bastante plano e os greens são muito grandes. Além da piscina e das instalações clássicas da Clubhouse, o Abu Dhabi Golf oferece também um campo iluminado com 9 buracos (par 36) que permite jogar à noite, o que é uma grande vantagem, especialmente em épocas extremamente quentes.

O terceiro campo em Abu Dhabi, o Saadyat Beach and Golf Club, pertence à mesma organização. Inaugurado em 2008, foi projetado por Gary Player, e dá para perceber isso claramente: o percurso, sem dúvida mais desafiador que no Abu Dhabi GolfeClub, está repleto de bunkers enormes e profundos. A partir do tee inicial, muitos buracos são inspiradores: muitas vezes não dá para ver as áreas onde é possível pousar a bola. Na verdade, há espaço, mas não é fácil jogar de uma forma descontraída. Trata-se de um campo que vale absolutamente a pena visitar, se você está à procura de desafios e quer testar o seu controle de jogo. Diversos buracos têm vista para o mar azul do golfo e para as estreitas vielas no meio da praia equipada.

O famoso Clubhouse do Abu Dhabi Golf Club

 Para visitar o último campo, eu tive que ir para Al Ain, a quarta cidade dos Emirados Árabes, com os seus 500 mil habitantes. Percorri a rodovia 22 no sentido leste, até à fronteira com Omã: são 150 quilômetros numa boa estrada de quatro faixas, no meio de um deserto de dunas vermelhas. A chegada é uma surpresa: a cidade é moderna, mas clássica, com avenidas arborizadas e muitas rotatórias cheias de áreas verdes. Os edifícios têm características “normais”: não tem arranha-céus, nem edifícios exagerados, não há nada que tente surpreender os visitantes ocidentais. Povoado há 4.000 anos graças às muitas nascentes subterrâneas, o xeique Al Nahyan, primeiro presidente dos Emirados Árabes Unidos, nasceu aqui. É a cidade menos internacional, com pouca imigração e, portanto, os valores culturais por aqui estão enraizados em todas as suas expressões. Se em Abu Dhabi a vida, o mundo e o comportamento são muito “ocidentais”, aqui quase todas as mulheres usam a abaya ou mesmo o nicabe, enquanto os homens vestem a kandura, a túnica branca que, conforme for trajada, revela a classe social, a posição e o papel desempenhado na sociedade.

O hotel que me hospedou, de acordo com o preceito religioso, não serve álcool. Em comparação com a capital, Al Ain é uma cidade que pertence a outro planeta, mas que – e os habitantes são muito orgulhosos disso – tem: o estádio de futebol mais bonito do mundo (eu o vi de fora, e é realmente notável, com uma arquitetura muito arrojada em forma de ovo), uma fábrica da Coca-Cola, uma universidade, a equipe de futebol mais forte e uma de rúgbi que joga na primeira divisão. E ainda há o Al Ain Equestrian, Shooting and Golf Club, um complexo criado em 2007 a pedido do Xeque Bin Zayed, e que reflete o amor do povo pelos cavalos e pelos tiros com pistolas e espingardas, bem como o seu desejo de homologação com a tradição inglesa, muito admirada por aqui (golfe, críquete e rúgbi).

Os primeiros nove buracos do campo de golfe encontram-se dentro do oval do hipódromo, os segundos nove ficam fora da estrutura e são iluminados, para permitir o jogo durante a noite. O 10 é o buraco emblemático: com seus 520 metros é o mais longo dos Emirados Árabes Unidos. É um belo percurso, remodelado um par de vezes nos últimos anos. Incrivelmente verde, está rodeado por um deserto quente, mas seco. A particularidade é o sistema de irrigação (característica de toda a cidade): uma série de canais subterrâneos cuja história se perde nas brumas do tempo. Vale a pena a viagem? Certamente sim, desde que você esteja pronto para entrar numa sociedade em rápida evolução e, ao mesmo tempo, caracterizada por fortes contrastes entre tradição e modernidade. As instalações oferecem sempre o melhor, mesmo que não seja exatamente barato.

A icônica sede da Aldar Properties, um dos símbolos de Abu Dhabi

Para ir desde a Itália, há convenientes voos diretos de Milão Malpensa e Roma, pela Ethiad; wifi está disponível por todo o lado e sem dificuldade de ligação (mas para a Whatsapp e Facetime há uma forte limitação no uso da voz); transportes e restaurantes são excelentes. Não há problemas com visto: é suficiente que o passaporte seja válido por pelo menos seis meses.

No entanto, é uma boa ideia planejar a época certa para a viagem, tomando cuidado para evitar os meses de junho e setembro, por causa do calor terrível. Para jogar, os meses ideais vão de novembro a abril. Se o plano é também aproveitar para desfrutar de uma linda praia, outubro e maio são épocas boas também.

Conselhos e curiosidades

  • Os Emirados Árabes Unidos são uma federação monárquica absoluta eletiva composta por sete emirados: Abu Dhabi, Ajman, Dubai, Fujaira, Ras-al-Kaima, Sharja e Umn al-Qaywayn
  • Abu Dhabi hospeda a Grande Mesquita do Xeque Zayed, conhecida pelos seus lustres de cristal e por ter o maior tapete do mundo, no chão do salão central. A estrutura pode acomodar até 40 mil pessoas em oração
  • O limite de velocidade nas rodovias é de 160 km/h
  • O falcão é o símbolo da cultura beduína e é a ave nacional dos Emirados Árabes Unidos
  • Abu Dhabi significa “Pai da Gazela”. A gazela é um animal protegido porque, segundo o ditado, “para encontrar água, siga a gazela”.

Onde jogar

O campo Yas Links e, no fundo, a enorme estrutura do Ferrari World

Abu Dhabi Golf Club
Sas Al Nakhl – P.O. Box 51234 – Abu Dhabi
Tel. +971 2 558 8990
E-mail: info@adgolfclub.com
www.adgolfclub.com

Saadiyat Beach Golf Club
P.O. Box 51545 – Abu Dhabi
Tel. +971 2 499 8000
www.sbgolfclub.ae

Yas Links Abu Dhabi
Yas Island
Tel. +971 0 28107777
E-mail: info@yaslinks.com
www.yaslinks.com

Al Ain Equestrian
Shooting & Golf Club
P.O. Box 1671 – Al Ain
Tel. +971 3 7026400
E-mail: golf.reservations@aesgc.ae
www.aesg.ae

Onde se hospedar

Saadiyat Rotana Resort & Villas
P.O. Box 48758 – Abu Dhabi
Tel. +971 2 6970000
E-mail: saadiyat. resort@rotana.com
www.rotana.com

The Westin
Abu Dhabi Golf Resort & SPA
Abu Dhabi Golf Club – Sas Al Nakhl – Abu Dhabi
Tel. +971 2 616 9999

Yas Hotel Abu Dhabi
Yas Island, HQ Building
P.O. Box 128717 – Abu Dhabi
Tel. +971 600 511115

Al Ain Rotana
P.O.Box 68456 – Al Ain – Tel. +971 3 705 3275
E-mail: fady.mohamed@rotana.com
www.rotana.com

Emirates Palace
West Corniche Road – Abu Dhabi
Tel. +971 2 690 9000
www.kempinski.com

Compartilhar
0 comentário

Posts relacionados

Deixe um comentário