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Estímulo ao golfe: adultos que se tornam novos jogadores

por redação
Praia do Forte Golf Club (Foto: Divulgação)
Nunca é tarde para começar: esporte insere novos adeptos mais velhos e inexperientes

por_Fernando Vieira

Já levou alguém para dar umas tacadas? A grande maioria dos golfistas responderá que sim, pois a paixão pelo esporte nos impulsiona a querer dividi-lo com todos os amigos e, alguns brincam dizendo, até com os “inimigos”. O prazer de uma prática competitiva ao ar livre, sem a pressa das modalidades coletivas, como futebol, aliado à possibilidade de longevidade dos praticantes, são questões que inexistem em outros meios.

No Masters, em Augusta, por exemplo, o profissional alemão Bernhard Langer, de 63 anos, bateu, por seis meses, o recorde de Tommy Aaron, até então o mais velho jogador a passar o corte. No campo, disputando com as mesmas condições, estava o jovem amador argentino Abel Gallegos, de 18 anos.

Começar no golfe depois dos 50 ou 60 anos não é raro quanto pode parecer – para falar a verdade, é até comum em clubes e academias. O golfe é amplamente democrático, sem distinções, podendo ser indicado para magros ou gordos, altos ou baixos. A única exigência é a necessidade de ser honesto, pois, do contrário, ficará sem companheiros para jogar, já que no golfe, o jogador é seu próprio árbitro e está em sua consciência contar as tacadas corretamente e até mesmo se imputar uma penalidade, mesmo que ninguém tenha visto o erro. Além disso, outro benefício é o network, fundamental no mundo dos negócios. Um iniciante pode jogar contra um veterano e uma família pode se divertir junta. Em qual outro esporte isso é possível?

Foi por influência familiar que a cantora lírica Camila Titinger se rendeu ao golfe. Ela mora na Europa, em uma passagem pelo Brasil no período de pandemia, ao acompanhar seu pai no Sapezal Golfe Clube, o campo oficial da Federação Paulista de Golfe, em Indaiatuba (SP), resolveu descer do cart e tentar umas tacadas para passar o tempo. Acertou a bola e não parou mais.

Mariana Garcia (Foto: OSESP)

Camila Titinger na ópera “Cartas Portuguesas”, na Sala São Paulo (Foto: Mariana Garcia/OSESP)

Com carreira internacional consolidada, ela se apresenta nos mais importantes teatros do mundo e com grandes parcerias, como a com Plácido Domingo, um dos mais aclamados tenores da história.

Ópera e golfe combinam muito, já que um show também dura várias horas e exige preparação corporal, mental e psicológica, assim como para jogar bem o golfe. Para mim, um complementa o outro.”

Camila Titinger jogando golfe no Sapezal Golfe Clube (Foto: Zeca Resendes)

Camila Titinger jogando golfe no Sapezal Golfe Clube (Foto: Zeca Resendes)

Segundo ela, o golfe é um esporte que traz felicidade, do começo ao fim. “Quando passei a jogar e a treinar, meu pai me presenteou com tacos. Eu nunca tinha me identificado com uma modalidade da maneira que aconteceu com o golfe. Jamais estive tão focada em minha vida em algo desse tipo. Antes, me concentrava apenas no canto, mas agora tenho duas grandes paixões”, conta, empolgada.

Marcelo Barroggi Rockett, 34 anos, gerente de business intelligence, também está começando no esporte. Joga no Sapezal e treina no Honda Golf Center, na capital paulista. Morando em São Paulo há cinco anos, ele teve contato com o golfe anos atrás, em Bagé (RS), onde nasceu, mas as prioridades eram outras. “Meus tacos

Marcelo Barroggi Rocket (Foto: Thaís Pastor)

Marcelo Barroggi Rocket (Foto: Thaís Pastor)

ficaram guardados em um galpão em Bagé até julho deste ano, quando decidi que iria, em definitivo, me dedicar a jogar. Oito anos depois, busquei minha bolsa empoeirada, decidido a não parar mais”, lembra. “O golfe sempre me encantou, desde criança. Mesmo não compreendendo a mecânica do jogo, eu gostava de assistir, pois era atraído pelo ambiente, pelo design dos campos. Hoje o golfe me encanta por ser um esporte introspectivo, estratégico e de desafios mentais”, ressalta.

Além disso, segundo ele, a oportunidade de estar em contato com a natureza continua sendo um dos pontos mais relevantes. “A primeira sensação no campo de golfe foi de estar em um lugar um tanto místico, um ambiente diferente que eu conhecia apenas de longe. Apesar de ser relativamente novo no esporte, toda a vez que chego em um campo eu sinto ainda a mesma sensação, de estar no melhor lugar possível. Espero que cada vez mais o golfe possa se popularizar no Brasil e que mais pessoas possam ter esse contato e essa experiência”, afirma Rockett.

Ademir Mazon (Foto: Thaís Pastor)

Ademir Mazon (Foto: Thaís Pastor)

Segundo Ademir Mazon, presidente da Federação Paulista de Golfe, os clubes têm um papel importantíssimo não só na formação e no estímulo às crianças, como também na formação de novos golfistas, além da missão especial de federar os inúmeros sócios ainda sem handicap. No caso dos pais, eles são fundamentais para o crescimento da modalidade, pois são eles, sobretudo as mães, que levam os meninos e as meninas aos clubes para treinar e jogar. “É por isso que já fizemos promoções para mulheres e juvenis de até 18 anos, com 50% de desconto no Honda Golf Center, tanto no preço dos baldes de bolas para uso no driving range, como nos green-fees”, diz.

Desta forma, é possível observar que a inclusão das famílias é o caminho para o crescimento do golfe. “Muitos pais que levam os filhos para ter aulas no Honda Golf Center, acabam fazendo aulas também. Esse número aumentou bastante durante a pandemia”, completa Mazon.

Álvaro Almeida (Foto: Divulgação)

Álvaro Almeida (Foto: Divulgação)

Ícone do golfe brasileiro, Álvaro Almeida foi o grande responsável pela construção do “Kaiser”, atualmente Honda Golf Center, no ano 2000, época de ouro do golfe paulista com um aumento nunca mais visto de novos golfistas. Era comum ver nos outdoors da capital paulista a campanha publicitária “Venha jogar golfe!”. “O desenvolvimento do centro de treinamento da Federação foi um divisor de águas no golfe brasileiro. Já se vão 20 anos e o local é um sucesso. Um provedor de golfistas.”, considera.

Ivanildo de Lima (Foto: Divulgação)

Ivanildo de Lima (Foto: Divulgação)

Uma das mais antigas competições para iniciantes, o Torneio Incentivo ao Golfe, promovido pelo profissional Ivanildo de Lima, nasceu no Honda em 2002 com a participação de mais de três mil golfistas ao longo destes anos. No torneio realizado no final de novembro do ano passado, mais uma marca foi comemorada por Lima: o jovem Pedro Nagayama jogou o Torneio Incentivo quando tinha 12 anos e agora voltou a disputar como profissional aos 23 anos. “Os iniciantes gostam muito de torneios.  Mesmo com a pandemia, aumentou o número de participantes, embora as etapas tenham sido reduzidas, com iniciantes de várias faixas etárias, desde jovens até adultos com mais de 50 anos”, conta.

Os professores Celso Palma e Maria Fernanda, da Brazilian Golf, viram os alunos no Honda Golf Center aumentarem na pandemia. “No começo da pandemia 80% dos alunos foram iniciantes no esporte que fizeram suas primeiras aulas. Uma das características do golfe também é que muitos dos iniciantes tem mais 50 anos e descobrem um esporte que podem jogar até 80, 90 anos, como há muitos pelos campos do Brasil”, destaca Palma.

Este é o caso de dois de seus alunos, Henry Munhoz, de 61 anos, e José Fernando D’Amaral Nunes Borges, de 55 anos. Começaram com mais de 50 anos e hoje vão para os campos com seus amigos, mas ainda fazem aulas semanalmente. “O golfe veio para mim como uma curiosidade e que me apaixonou desde o primeiro contato. Um amigo estava indo jogar e me convidei para ir junto para conhecer um esporte que, até então, não tinha tido contato, e eu já estava com 57 anos. Jogarmos juntos e foi uma ‘iniciação rápida’. Na verdade, pelo menos 90% das minhas tacadas nesse primeiro dia saíram todas erradas, mas o ambiente, a natureza com muitas arvores, flores, lagos e um gramado muito bem tratado para caminhar, ar puro, tudo isso me deu sensação de prazer. Aquele ambiente conseguiu afastar o estresse causado pela rotina do dia a dia”, diz Munhoz.

Ele praticou vários esportes, mas estava com alguns problemas de coluna que o limitavam a jogar tênis, na época sua grande paixão, mas não tem problemas de saúde a praticar o novo esporte. “O que mais me deu prazer no início foi jogar em um par 3 e conseguir colocar a bola próximo da bandeira após a tacada inicial. O sonho é fazer um hole-in-one”, conta.

Já Borges iniciou no esporte através da indicação de um amigo médico. “Pensei, vou tentar. Costumo dizer que o golfe se assemelha à meditação, porque você precisa de atenção plena para treinar, jogar. Quando você consegue isso, ao fim de um treino, aula ou partida, sente como se tivesse meditado, feliz e relaxado”, salienta. Para ele, o golfe é um prazer desde o início, mesmo quando não tinha técnica.

“Quanto mais você treina e melhora, mais prazer vai extraindo do golfe. Para isso recomendo ter aulas. É fundamental para aprender e depois para corrigir erros e refinar o jogo. Tive sorte de logo no início ter escolhido uma professora excelente: Maria Fernanda Moura Ferreira. Recomendo a todos, iniciantes ou veteranos. Nunca vou esquecer da minha primeira tacada em campo, quando a professora, entusiasmada, falou que eu tinha mandado a bola no green. Foi um super incentivo. Só depois fui perceber que, no início, não é tão fácil assim mandar a bola no green. Tem muita árvore, banca de areia e lago pelo caminho. O golfe é um esporte que te dá muito prazer e que, quanto mais você joga, mais gosta e quer jogar“, finaliza Borges.

(Reportagem publicada na edição 70, da Revista Golf & Turismo – na ocasião não estávamos com as restrições de atividades e circulação em vigor)

 

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