O paulista Felipe Almeida, atual handicap 2,4, um dos maiores talentos do golfe brasileiro e que teve uma das mais premiadas carreiras como juvenil e amador do Brasil, é o responsável pela melhor tacada do golfe brasileiro nos últimos anos: o Brasil Kids Golf Tour.
O início dele no golfe, com oito anos, deu-se por influência do pai, e suas primeiras tacadas foram no Terras de São José Golfe Clube, em Itu (SP). Felipe foi líder dos rankings juvenil e adulto do Estado de São Paulo por vários anos, além de representar o Brasil em torneios em países como Estados Unidos, França, Colômbia, Argentina e Uruguai.
A criação do Brasil Kids Golf Tour vem cobrir uma lacuna do golfe brasileiro, que é a falta de incentivo a jovens golfistas e políticas fundamentadas e com conteúdo para a garotada. O tour tem como objetivo dispor de um calendário de torneios para as crianças, mas vai muito além, trazendo conhecimento, metodologia e possibilidades que se abrem com a US Kids para desenvolver cada vez mais nossos pequenos atletas e futuras estrelas.
A Golf & Turismo conversou com Felipe Almeida sobre os rumos do circuito e do golfe infantil e juvenil no Brasil.
Como surgiu a ideia do Brasil Kids Golf Tour?
Felipe Almeida – Eu fui com meu filho Luca, de seis anos (à época com cinco anos), jogar três torneios da US Kids Golf nos Estados Unidos em setembro de 2017. Fiquei impressionado com a maneira como conduziam torneios para crianças e adolescentes. Entendi que o Brasil precisava de uma iniciativa como essa para impulsionar a geração de novos talentos e engajar mais crianças no golfe.
Como foi o começo do torneio?
FA – Voltei para o Brasil e conversei com algumas pessoas que já estavam fazendo um trabalho legal com as crianças em cada clube, mas algo ainda muito independente. Todos concordaram que faria muito sentido colocar as crianças para jogarem e se desenvolverem ainda mais. Na sequência, precisava do apoio de clubes para que pudessem ceder o campo em um fim de semana para a realização, e tivemos uma grande abertura de todos.
É um trabalho sem fins lucrativos?
FA – Sim. Precisamos de capital para realizar todas as etapas e montar a estrutura. No começo coloquei dinheiro próprio, mas criei o Instituto Álvaro Almeida, em homenagem ao meu pai, por tudo que fez pelo golfe no Brasil, para justamente ser algo sem fins lucrativos, totalmente focado em realizar torneios para as crianças e atividades para desenvolver os professores.
O instituto terá outras atividades?
FA – No ano passado, tivemos cinco etapas de outubro a dezembro. Além disso, fizemos um workshop da Federação Paulista de Golfe com Don Law e Rick Heard, dois americanos, grandes especialistas em crianças, para ajudar nossos profissionais e capitães juvenis a entender como estruturar uma academia de golfe juvenil. Esse ano são dois tours, com seis etapas cada, sendo o primeiro tour no outono e outro na primavera. No segundo semestre teremos mais seis torneios no Clube de Campo, no Damha, no Lago Azul e no Arujá. Há muitas ideias surgindo, como um interclubes para as crianças até dez anos e boas surpresas para 2019.
Quantas crianças já participaram?
FA – Neste ano participaram 150 crianças, em média 115 por etapa. No começo pensávamos que se tivéssemos 60/70 crianças competindo já seria um grande marco. Mas rapidamente houve um entusiasmo muito grande dos pais, professores e miniatletas. Espero que cresça muito mais ainda! São 12 categorias, com divisão por idade, sendo que o campeão de cada categoria terá o status elegível para jogar o Mundial da US Kids em Pinehurst, na Carolina do Norte, em agosto.
O sucesso veio rápido?
FA – Acredito que nunca houve um trabalho forte para crianças de 4 a 12 anos. Normalmente, as crianças tinham espaço para jogar torneios regionais e nacionais a partir de 12. Com certeza, começando mais cedo, teremos muitos talentos aparecendo em alguns anos. O sucesso proporcionou a parceria com US Kids Golf Foundation para fazer o primeiro tour da história no Brasil. O acordo neste ano assinalou oficialmente a parceria entre o Instituto Álvaro Almeida e a US Kids Golf Foundation.
É mais fácil ser golfista, filho de golfista ou ter filhos golfistas?
FA – Ser filho de golfista, golfista e pai de golfista é muito bom! Mas o esporte continua sendo desafiador demais, não importa a geração. Gostamos muito de jogar juntos!
Teremos nessas crianças futuros profissionais?
FA – Ser um profissional de golfe com grande sucesso é muita futurologia. Acredito que se desenvolvermos excelentes amadores que tenham chance de obter bolsas de estudos em grandes faculdades americanas já seria um grande passo. Consequentemente, alguns poderiam continuar crescendo e, quem sabe, chegar ao PGA Tour. O Brasil precisa de um jogador de expressão, assim como já tiveram Argentina, Colômbia e Venezuela, por exemplo. O trabalho de base é fundamental para a formação de um atleta e o golfe brasileiro também depende muito do incentivo aos jovens nos clubes.
Qual a importância do golfe no desenvolvimento
das crianças?
FA – Vários pais comentaram que as crianças estão mais focadas na escola e alguns disseram que os jovens golfistas mudaram completamente de comportamento e, logicamente, para melhor. Além disso, a presença e o incentivo dos pais é fundamental para que as crianças sejam bons golfistas. O golfe desenvolve o caráter das crianças, pois ensina o valor da lealdade, e da honestidade, entre muitas outras qualidades. Além disso, estimula a disciplina, o foco e autossuperação.