Seymour Grant Marvin (1916 – 2005), que dedicou a maior parte de seus 89 anos a engrandecer o golfe, foi o eleito de 2021 para integrar o Hall da Fama do Golfe Brasileiro. Sua cerimônia de indução acontecerá na quinta-feira, 4 de novembro, em um coquetel para convidados, a partir das 18 horas, no Gávea Golf, no Rio de Janeiro. Como a pandemia impediu a cerimônia dos eleitos de 2020 – a gaúcha Elisabeth Nickhorn e o argentino naturalizado brasileiro Ricardo Rodolfo Rossi (1929 – 2016) –, ela se dará este ano, juntamente com a de Seymour.
Seymour, Beth e Rossi se juntam assim a Mário Gonzalez (1922 – 2019) e seu irmão, José Maria Gonzalez Filho, o Pinduca (1937 – 2019), os primeiros eleitos, no lançamento do Hall da Fama, no final de 2019, durante o Campeonato Brasileiro Sênior da ABGS (Associação Brasileira de Golfe Sênior) daquele ano. A cerimônia anual de indução dos novos membros do Hall da Fama é um dos eventos mais importantes do golfe brasileiro, eternizando a memória daqueles que fizeram a história do esporte.
Eleição
A cada ano, um comitê de notáveis do golfe, composto por sete membros, vota entre os indicados para eleger um ou dois novos membros do Hall da Fama. O comitê do Hall da Fama tem seis membros vitalícios: Marcelo Stallone, idealizador do Hall da Fama do Golfe Brasileiro; os amadores Beth Nickhorn e Roberto Gomez; os profissionais Rafael Navarro e Jaime Gonzalez; e Armínio Fraga, membro do R&A. O sétimo integrante, rotativo, é o presidente em exercício da Confederação Brasileira de Golfe, Osmar da Costa Sobrinho.
A cerimônia de indução ao Hall da Fama do Golfe Brasileiro faz parte do programa do 41º Campeonato Brasileiro ABGS de Golfe Sênior – Taça Mário Gonzalez, que este ano será jogado de 3 a 5 de novembro, no Campo Olímpico de Golfe, no Rio de Janeiro, onde fica a sede do Hall da Fama, com a galeria de fotos de todos os membros. Muitos dos eleitos para o Hall da Fama, como Mario Gonzalez, Pinduca e Rossi, foram membros ativos da ABGS e importantes incentivadores do golfe sênior.
Importância
Seymour Marvin foi o integrante brasileiro no Conselho Nacional do Golfe Amador, criado por representantes de 35 países, em Washington, D.C., quando foi planejado o primeiro Mundial Amador. Mais tarde, com o golfe se preparando para voltar aos Jogos Olímpicos, o Conselho Mundial se transformou na Federação Internacional de Golfe. Seymour foi também o primeiro brasileiro a ser aceito como membro do Royal & Ancient Golf Club de St. Andrews, na Escócia, onde o golfe como o conhecemos hoje, começou.
Seymour, ao lado de Oswaldo Aranha e Carlos Borges, foi um dos fundadores, em 1958, da Associação Brasileira de Golfe (futura Confederação Brasileira de Golfe), criada para poder levar uma equipe para representar o país no primeiro Campeonato Mundial de Golfe por Equipes (World Amateur Team Championship) – Troféu Eisenhower, em St Andrews. A cerimônia oficial de lançamento do Mundial Amador, com 35 países presentes, incluindo o Brasil, representado por Seymour, aconteceu em maio de 1958, quando o presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, recebeu os delegados internacionais no Rose Garden, na Casa Branca, e aceitou emprestar seu nome ao troféu.
Recordes
Graças à iniciativa de Seymour, Aranha e Borges, o Brasil e os Estados Unidos são os únicos dois países que estiveram presentes em todos os mundiais, a mais importante competição amadora de golfe do mundo. O time brasileiro de 1958, formado por Silvio Pinto Freire, Humberto de Almeida, João Barbosa Correa e Raul Borges, tendo Seymour como capitão e delegado, foi a primeira equipe amadora oficial de golfe do Brasil. Seymour comandaria as equipes brasileiras no Mundial, competição bienal, por mais 19 vezes, até 1996.
O Mundial Amador ganhou projeção internacional imediata, não só pelo endosso de Eisenhower, mas também pela presença de Bob Jones, primeiro e único ganhador do Grand Slam do golfe, em 1930, que foi o capitão da equipe dos EUA no primeiro Mundial, no Old Course de St. Andrews, em outubro de 1958, com 115 jogadores de 29 países. A Austrália foi campeã ao derrotar os EUA em um playoff. Outro momento importante do Mundial Amador, aconteceu na edição seguinte, em 1960, no Merion Golf Club, quando Jack Nicklaus, da equipe campeã dos EUA, estabeleceu o recorde individual (não oficial) de 269 tacadas para 72 buracos.
Carreira
Seymour nunca participou do Mundial Amador como jogador, mas ganhou o troféu da foto de abertura desta reportagem no evento inaugural, em 1958, ao vencer a Delegates and Duffers Cup, uma competição com handicap, em 36 buracos, entre os capitães não jogadores das equipes internacionais, delegados para a reunião do Conselho Mundial de Golfe Amador, e oficiais do R&A. Seymour venceu com 139 net (68-71), deixando John M. Blair, presidente da Royal Canadian Golf Association, em segundo, com 145 (72-73), e John D. Ames, presidente da USGA (United States Golf Association) em terceiro, com 148 (72-74).
Seymour nasceu em 27 de abril, em Brooklyn, NY, nos EUA, mas veio cedo para o Brasil, para morar no Rio de Janeiro. Seu pai, Morris Edward Marvin, foi sócio fundador do Gávea e do Itanhangá. Seymour voltou para os EUA, formou-se na Princeton University (1933-1937), combateu, como voluntário, pela Marinha dos EUA, na 2ª Guerra Mundial, e retornou ao Rio, em 1946, para trabalhar com o pai na Tintas Ypiranga, pertencente à família, e na Brasil Oiticica, do Ceará, tendo morado em Fortaleza por 10 anos.
Títulos
Como jogador, Seymour foi campeão do Amador do Brasil em 1938, no Gávea, seu clube da vida toda. Foi também o melhor amador do Aberto do Brasil de 1949, competição profissional ganha por Mario Gonzalez. Foi ainda campeão do Gávea Golf em 1933 e 1938, além de campeão do Estado do Rio de Janeiro em 1951 e 1961. Presidiu a Associação Brasileira de Golfe, que ajudou a fundar, por dois anos, e se nacionalizou brasileiro em 1966.
Seymour teve três filhas, Deborah Marvin Byers, Jennifer Marvin Byers e Victoria Anne Whyte, mais conhecida como Vicky Whyte, que foi por três vezes presidente da Federação de Golfe do Estado do Rio de Janeiro, de 1997 a 2002 e de 2007 a 2008, e por oito anos consecutivos, de 2000 a 2008, presidente feminina do Conselho Mundial de Golfe Amador, ao lado dos presidentes da USGA e do R&A. Em 2015, Vicky tornou-se a primeira brasileira e uma das primeiras mulheres do mundo a ser admitida como sócia do R&A. Michael Whyte, um dos dois filhos de Vicky, também é sócio do R&A, desde 2010.