por_ Fernando Viera
Nos mais de 10 mil metros de greens e 182 mil metros quadrados de fairways do campo de golfe da Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP), será disputado o Open do Brasil, etapa do PGA Tour Latinoamérica que acontece entre os dias 23 e 29 de setembro. O primeiro torneio no Brasil do PGA Tour Latinoamérica será uma semana antes, o São Paulo Golf Club Championship.
A premiação de cada torneio será de 175 mil dólares, sendo 31,5 mil dólares para o campeão. As etapas brasileiras abrem não apenas o início da segunda metade da temporada do PGA Tour Latinoamérica, mas também os últimos torneios do Bupa Challenge, uma série de competições que recompensará o melhor jogador desses eventos com um prêmio de 10 mil dólares. Também vale pontos para a corrida rumo às Olímpiadas de Tóquio 2020.
Os últimos brasileiros que venceram o Open do Brasil foram Rafael Becker, em 2014, e Alexandre Rocha, em 2015. Eles voltam a campo junto com Rodrigo Lee, além de outros profissionais do Brasil, e torcemos por uma vitória de um brasileiro, que seria uma bela homenagem póstuma a Mario Gonzalez. No ano passado, Rafael Becker ficou em quarto lugar, e Alexandre Rocha liderava o torneio e perdeu nos últimos buracos, caindo para o oitavo lugar.
“Estou me preparando muito pra segunda temporada do PGA Tour Latinoamérica e feliz que comece pelo Brasil, com dois torneios em São Paulo. O torneio na Fazenda, por ser o Aberto do Brasil, é o mais importante do ano pra mim. No ano passado tive uma chance muito boa de vencer o torneio e infelizmente deixei escapar. Aprendi bastante como se joga o campo e o que esperar dele. Vou poder usar a experiência do ano passado pra conseguir um objetivo melhor neste ano”, afirmou o profissional Alexandre Rocha.
O número de atletas brasileiros deve ficar próximo ao do ano passado, com 24 golfistas. Rocha, Becker e Lee já têm cartão, então estão garantidos. Serão mais 15 vagas para os jogadores do CBG Pro Tour e dois indicados pelo clube, num total de 20 profissionais. E mais os golfistas que participarem da qualificação que será disputada na segunda-feira, dia 23 de setembro, e que oferecerá de seis a oito vagas, abertas a todos os professionais interessados, brasileiros e estrangeiros. O evento é organizado pela Confederação Brasileira de Golfe (CBGolfe) e pelo PGA Tour Latinoamérica. JHSF é o patrocinador oficial e Rolex, o relógio oficial do torneio, com apoio da Federação Paulista de Golfe e da Fazenda Boa Vista.
Campo
Conheça um pouco do que os profissionais devem enfrentar nos 18 buracos do campo da Fazenda Boa Vista, projetado pelo americano Randall Thompson. Entenda as dificuldades e principais caraterísticas do campo, como os greens super-rápidos, protegidos por muitas bancas e que fazem a diferença na hora de definir o campeão. No campo, ao todo, são 72 bancas (cross banca e perto dos greens).
O primeiro campo de golfe da Fazenda Boa Vista foi inaugurado em outubro de 2009, par 71 (35-36), com quatro tees de saída (azul, branco, verde e vermelho), sendo o mais longo o dos profissionais, com 6.832 jardas, 6.485 do tee branco, 5.992 do tee verde e 5.560 do tee vermelho. O buraco 3, par cinco, é considerado o mais difícil do campo, com 585 jardas do tee azul dos profissionais. Para muitos jogadores, o buraco mais bonito é o 5, par três, com 163 jardas do tee azul, totalmente protegido na frente por um lago e belos coqueiros atrás do green.
Segundo Renato Giusti, presidente da Fazenda Boa Vista Clube de Golfe, são dois campos de nível internacional, e a escolha do campo de Thompson foi feita pela equipe do PGA Tour, que também fez uma visita técnica no segundo campo, projetado por Arnold Palmer e inaugurado em julho de 2016. No ano passado, os profissionais elogiaram muito o campo pela sua dificuldade e por ser muito técnico, exigindo tacadas mais precisas do que longas, concluiu Giusti.
O americano Randall Thompson, atualmente morando no Chile, disse à Golf & Turismo que foi uma grande e diferente experiência a construção desse campo, pois havia muitas encostas e lagos. O maior desafio, segundo Thompson, foram os primeiros nove buracos construídos em 2003, já existentes no local, e que eram muito difíceis, onde cada jogador era punido, com poucos lugares para cometer erros. Os segundos nove buracos são mais amigáveis e abertos e sempre dão ao jogador a oportunidade de recuperar e salvar o par, e as maiores dificuldades são os greens com design com muitos movimentos. “É um campo onde o jogador precisa saber quando jogar agressivamente e quando jogar de forma conservadora”, completa Thompson.
Para o profissional Rafael Becker, o campo da Fazenda tem os greens muito difíceis, e é importante prestar bem atenção e colocar a bola no lugar certo nos greens, porque se não dificulta muito, até para dar dois putters. Esse é um ponto muito importante. “A minha expectativa é ganhar. Nunca vou para nenhum torneio sem ter a expectativa de ganhar, principalmente no Brasil. Gostaria de ganhar no São Paulo ou no Boa Vista, ou quem sabe os dois, e ir direto pro Korn Ferry Tour (ex-Web.com Tour)”, concluiu Becker.
O jogo
O campo da Fazenda Boa Vista tem 6.832 jardas, bonito e difícil, segundo os profissionais que jogaram no ano passado o Aberto do Brasil, disputado pela primeira vez nesse campo. São 11 buracos par quatro, quatro buracos par três e três buracos par cinco, par 71, com alguns tees bem longe do final do buraco anterior. Por isso, além de técnica, o preparo físico também é fundamental para os golfistas. O campeão de 2018, o colombiano Marcelo Rozo, terminou os quatro dias de disputa com um total de 264 tacacas (69-67-65-63), 20 abaixo do par.
O recorde do campo é do golfista canadense Drew Nesbitt, na segunda volta do ano passado do Aberto do Brasil, com o incrível resultado de 59 tacadas (-12), igualando o recorde de 1974 de Gary Player, que foi o primeiro golfista da história a jogar 59, quando foi campeão do Aberto do Brasil, em 1974, no Gavea.
“O Fazenda Boa Vista é um campo muito desafiador e não tem nenhum buraco em que possa relaxar. Pra mim o buraco dois, par três, é o mais chato. É bem defendido pelas bancas e tem dois patamares com grande desnível. Com o green rápido, fica dificílimo em qualquer posição de bandeira”, diz o profissional Rodrigo Lee.
Pio Pastore (foto), handicap 8, 40 anos de golfe, é o starter da Fazenda Boa Vista. Começou no esporte bem jovem, aos 12 anos, como caddie no São Paulo Golf Club, chegando a ter handicap 1. Apaixonado pelo golfe, Pio conhece os dois campos na palma da mão. Antes de falar do campo, ele lembra com carinho da única aula que fez com o professor José Maria Gonzales Filho, o Pinduca, e dos vários tacos antigos que guarda com zelo. Além disso, gosta de acompanhar as visitas que Randall Thompson faz ao campo, pois ele é consultado sobre todas as mudanças no campo, como ocorreu com a mudança do tee do buraco 8, que ficou um pouco mais longo, e no 16, que ele pediu uma drenagem nova e solucionou o problema de água acumulada da chuva.
“O campo está impecável na manutenção, os fairways homogêneos, a velocidade dos greens igual em todos os buracos. O segredo para jogar bem nesse campo é colocar a bola, não agredir muito. Em muitos buracos o melhor é deixar o drive na bolsa e sair com um ferro, como faz a maioria dos profissionais no buraco 1”, comenta Pio. “É um campo para usar só umas seis vezes o driver no jogo todo. E muita atenção para não errar a posição da bandeira, pois os greens são grandes, ondulados, e mesmo o golfista profissional corre o risco de três putters facilmente”, diz.
O profissional Robson Cardoso (foto), há sete anos na Fazenda Boa Vista, elogia o campo e lembra que a maior dificuldade técnica para os golfistas que não conhecem o campo é saber quando se pode arriscar uma tacada mais agressiva ou quando ser conservador. “Nesse campo do Randhal é preciso fazer um jogo estratégico, usar a cabeça nas tacadas iniciais, pois o importante é onde ficar para o segundo tiro. É um campo com várias ‘pegadinhas’, além da posição da bandeira, que pode deixar um buraco muito mais complicado. Como é o buraco 2, par três, que parece fácil, mas não é, e o 16, que conforme o segundo tiro a bola não fica no green se cair no primeiro patamar”, explica.
Abaixo, Pio Pastore e Robson Cardoso comentam como é a estratégia, em teoria com a prática de conhecer muito o campo, dos profissionais para vencer os 18 buracos da Fazenda Boa Vista.