por_ Henrique Fruet *
Se você respondeu “sim” à pergunta do título, deixe antes eu lhe contar alguns feitos para você ver se é páreo para alguns malucos que andam soltos por aí…
O primeiro me foi contado em 2011 por um jornalista sueco especializado em golfe chamado Per Lilliefelth. Olhe que boa história ele guarda para o buraco 19: em 2010, Per e dois amigos marcaram tee time no Old Course de St. Andrews, a meca do golfe mundial. Era uma viagem que estavam planejando havia cinco anos.
Seria a primeira vez de todos no famoso campo escocês. Eles estavam saindo de um inverno rigoroso, quando ficam pelo menos três meses sem poder jogar golfe (dá para imaginar o que são 500 mil golfistas sem poder jogar golfe durante todo esse tempo?).
Um dia antes da partida, o espaço aéreo europeu havia sido fechado por conta das cinzas do vulcão Eyjafjallajökull. Pensaram em pegar os tacos e sequestrar o primeiro avião que vissem pela frente, mas, antes de cometer qualquer insanidade ou de tentar soletrar o nome do tal do vulcão, um deles teve a ideia: ir de carro. E não é que os golfistas foram de carro da Suécia até a Escócia, numa jornada de 42 horas ininterruptas de viagem? Dirigiram até a Dinamarca, pegaram uma balsa até a Alemanha, dirigiram até a França, de onde pegaram uma segunda balsa para o Reino Unido. Depois, seguiram por mais dez horas até St. Andrews. Jogaram, viraram celebridades locais e voltaram para casa felizes da vida.
Outro alucinado é o engenheiro civil e golfista amador americano Andre Tolme. Em 2005, aos 35 anos, ele dividiu a Mongólia em 18 buracos e atravessou o país de leste a oeste jogando golfe.
Os 2.100 quilômetros do percurso viraram um campo de golfe de 2,3 milhões de jardas e de par 11.880. E não fez feio: terminou o jogo com 12.170 tacadas, ou 290 tacadas acima do par, após 90 dias de swings e mais swings com um ferro 3, o único que levou. “Era o taco que eu achava mais difícil. Hoje, é o meu preferido”, contou-me Tolme numa entrevista em 2005 – provavelmente a única que concedeu a um jornalista brasileiro.
O aventureiro não usou o putter, já que o campo não possuía buracos nem bandeiras. O final de cada raia era uma cidade inteira, ou seja, bastava fazer a bola pousar na primeira rua asfaltada que visse e pronto: era só atravessar a área urbana, colocar a bola no tee e começar outro buraco. Tolme certamente bateu o recorde de bolas perdidas numa partida, já que deixou para trás 590 delas.
Henrique Fruet é golfista amador, jornalista, copywriter profissional e autor do livro “Golf- Os melhores Campos do Brasil”.