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A lágrima da Irlanda

por redação

Wild Atlantic Way é um percurso costeiro sinalizado de aproximadamente 2.700 quilômetros. Estende-se pelo litoral ocidental do país, começando pela península de Inishowen até o Old Head de Kinsale, passando, além do mais, pelo distrito de Connemara, pela baía de Galway, pelas falésias de Moher e pelo teleférico da Ilha Dursey, que nos presenteia com o último pôr do sol da Europa

textos e fotos_Paolo Ferrari | tradução_Vania Andrade

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A Wild Atlantic Way não é uma estrada no sentido literal da palavra. Trata-se mais de um retículo viário com inúmeras variantes que caracterizam todo o território costeiro dos condados ocidentais irlandeses, que beiram o Oceano Atlântico.

Malin Head, na península de Inishowen, é o ponto mais setentrional de terra firme irlandesa e é daqui que começa a nossa viagem com taqueira, tacos e bolinhas a tiracolo, e com os sentidos bem aguçados para poder perceber os sons e as cores da Irlanda.

Nosso objetivo é o clube de golfe Old Head Golf Links, na ponta da homônima península meridional da Irlanda. A última parte da viagem se encerrará na club house do Old Head Golf de Kinsale, situado cerca de 40 quilômetros da cidade de Cork.

Mas, antes de chegar ao tee do buraco 1 do Old, é obrigatória uma visita à Ilha Dursey, uma terra para lobos solitários, onde não existem lojas, bares ou restaurantes, alcançável com o único teleférico da Irlanda, o Ballaghboy Cable Car, que, em dez minutos, atravessa o oceano a 25 metros de altura acima da água.

Na baía de Courtmacsherry, no lado oposto ao clube de golfe, há uma interessante rota sinalizada de trekking de 42 quilômetros, que segue cercada por penhascos até Dunworley, prossegue até Barry’s Hall para depois voltar para Timoleague, o ponto de partida.

A Wild Atlantic Way, que em seu trajeto conclusivo nos leva a Mizen Head, o ponto mais meridional do país em terra firme, é conhecida como a Lágrima da Irlanda. Na verdade, tal designação refere-se mais exatamente ao imponente farol de Fastnet Rock, a última coisa que os emigrantes irlandeses avistavam de seus navios, quando partiam para o novo mundo. O farol – o mais alto de toda a Irlanda – está situado em um pequeno rochedo aproximadamente seis quilômetros a sudoeste da ilha de Capo Clear e 13 da terra firme. Mede cerca de 30 metros de altura e lança o seu feixe de luz a uma altura em torno dos 50 metros sobre o mar. Nessas águas, a cada dois anos, transita a regata oceânica Fastnet Race, com quase 1.000 quilômetros de extensão, que parte de Cowes na ilha de Wight e chega à costa meridional da Inglaterra.

As embarcações que participam da regata circum-navegam esse farol antes de ir para Plymouth, onde termina a competição. A edição 2015 foi vencida pelo trimarã Spindrift 2 comandado por Yann Guichard e Dona Bertarelli, que terminaram a competição em 2 dias, 10 horas, 57 minutos e 41 segundos.

Chegados ao limite extremo da península, sugerimos subir os 99 degraus até a ponte que leva a um penhasco rochoso com vista para o oceano, onde encontramos uma antiga estação de sinalização (agora é um museu), uma estação meteorológica e um farol, com Fastnet Rock, que aparece cerca de 30 quilômetros à nossa esquerda.

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CORES, MÚSICA E EMOÇÕES

O grupo musical dos Solomon Grey (Tom Kingston e Joe Wilson) nasceu em 2009 quando os dois amigos decidiram viver e compor músicas no farol de Crookhaven, no condado de  Cork. A paisagem rústica inspirou o dueto durante a composição de grande parte de seu álbum, e o vínculo da banda com a costa ocidental da Irlanda se integrou perfeitamente com suas intenções criativas e com a orientação musical que pretendiam seguir. Após terem viajado por um bom tempo e por toda a costa da Irlanda, os Solomon Grey gravaram um CD inspirado nos sons, nas coisas e nas pessoas que encontraram pelo caminho, dando vida a uma música única, inspirada nessa costa, que se tornou a autêntica trilha sonora desse território. Dathanna, o nome do álbum, significa “cores” em irlandês. O título e os nomes de cada faixa realmente nasceram, na maioria, das cores que a banda encontrou durante a viagem e das quais se deixou influenciar. Todavia, esses nomes também significam algo a mais: viajando pela Wild Atlantic Way, os dois puderam sentir a emoção que essa atmosfera especial e singular transmite e que deu vida a uma experiência difícil de definir, traduzindo em música essa vivência. Escritas em irlandês, as letras de várias faixas descrevem a alma mais autêntica da Wild Atlantic Way.

OLD HEAD GOLF LINKS,

UMA AMBIENTAÇÃO EXCEPCIONAL

Na Irlanda as tarifas de golfe são atrativas, a Guinness é perfeita e os campos são os melhores. Esse slogan, que descobrimos em um pequeno folder turístico no balcão de um pub de Limerik (cidade da Cultura em 2014), retrata muito bem, na opinião de quem escreve, a filosofia do golfe desse País. São cerca de 400 clubes no território irlandês. Nem é preciso dizer que esse tipo de campo, notoriamente adequado para territórios costeiros, caracterizado por dunas, poucos obstáculos de água e nenhum arvoredo, não poderia não ser o preferido pelos primeiros golfistas irlandeses que copiaram esses traçados dos colegas escoceses. Ao longo da faixa costeira atravessada pela Wild Atlantic Way encontramos cerca de 30 clubes de golfe, que chegam a 60 se considerarmos também aqueles lugares a menos de 15 quilômetros do mar. Cenograficamente falando, é muito difícil encontrar uma locação de golfe mais atrativa e espetacular da península onde se estendem os 18 buracos do Old Head Golf Links. Visto de cima, esse pedaço de terra que se estende por duas milhas no oceano tem o aspecto de uma tartaruga gigante com a cabeça bem alongada fora da carapaça, no final da qual se encontra naturalmente um farol. Em relação a essa espécie de diamante de 90 hectares (72 dos quais ocupados pelos 18 buracos) existe, a um bom tempo, uma disputa bem intensa entre os proprietários do clube de golfe e as diversas associações ambientalistas que mal digerem o fechamento parcial desse lugar para todos aqueles que não têm a taqueira de golfe no bagageiro do carro.

Aberto em 1997, o campo é mais impressionante tecnicamente do que se possa desejar. Seis tees de partida em cada um dos 18 buracos, nove dos quais deslancham pelos penhascos onde, em 1915, um u-boat alemão afundou o transatlântico Lusitania, na época o maior navio do mundo. Do antigo castelo normando De Courcey restaram apenas poucas ruínas, pelas quais passa a estrada de acesso ao clube, classificado em 2001 pela Links Magazine nas primeiras posições entre os campos de golfe mais espetaculares do planeta, ao lado do Cypress Point, do Cape Kidnappers e do Whistling Straits.

Projetado por uma equipe que inclui, entre outros, Ron Kirby, ex-designer na Golf Design Services de Jack Nicklaus, e Liam Higgins, um dos profissionais mais famosos da Irlanda, esse campo incrível é composto por cinco pares 5, cinco pares 3 e oito pares 4.

Mesmo se são nove os buracos que deslancham pelos penhascos, todo o campo oferece vistas esplêndidas de tirar o fôlego para o oceano. Entre os buracos mais complicados, o 14, chamado Raven’s Run, um dog leg de 413 metros (par 4) no qual, se o nosso drive não fizer birra, evitaremos muitos problemas na tacada seguinte.

Green fee de 18 buracos, de 9 de maio até 12 de outubro, 240 euros; nos outros períodos, 160. Após as 14h, respectivamente 170 e 135. O regulamento do clube Old Head Golf Links requer que membros e convidados disponham de um caddie, escolhendo-o pelo específico Programa Caddie, um dos mais completos e profissionais do mundo. Enfim, a club house compreende 15 suítes de luxo, que ficam ao lado do Old Head Spa, um centro de bem-estar de primeira categoria com sauna, banho turco e cama aquecida para as massagens.

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