A Cidade do Cabo, metrópole de quase 3,5 milhões de habitantes, é realmente única, feita de jardins maravilhosos, vinhedos grandes e famosos, além de ter campos admiráveis. E logo à frente está a grande Baía Falsa e o ponto de encontro entre o Oceano Atlântico e o Índico
Iniciamos nossa viagem-reportagem à África do Sul pela R 44, uma das rodovias mais atrativas e fotogênicas desse país imenso e que liga a região de Hermanus à de Stellenbosch, terra dos refinados vinhos sul-africanos, com destino final na Cidade do Cabo.
Apesar da obrigação de dirigir do lado esquerdo, viajar pela rede rodoviária sul-africana é realmente uma delícia: estradas espaçosas e agradáveis, pouco trânsito (exceto nas grandes cidades), presença constante da polícia rodoviária e respeito entre os motoristas, que costumam agradecer amigavelmente após cada ultrapassagem ligando as setas duplas de segurança, um gesto simpático e desconhecido para muitos.
Em especial, o trecho de estrada costeira entre Kleinmond e Baía de Gordon merece mais de uma parada para tirar fotos. Repentinamente, notamos uma longa extensão de areia infinita, montanhas imensas ao horizonte, além de um mar majestoso. Parada obrigatória para tirar uma foto de recordação.
De má vontade retomamos a viagem e começamos a nos dirigir para o interior, rumo à região dos vinhedos. Aqui muitos campeões do nosso amado esporte, como Ernie Els, investiram parte de seus admiráveis lucros em propriedades agrícolas, adegas e restaurantes cheios de muito charme. Ir até a fazenda vinícola de Ernie Els significa visitar uma adega butique e, ao mesmo tempo, ter a oportunidade de admirar e tocar com as mãos os seus prestigiados troféus. Nessa região beijada pelo sol, graças a um clima ameno, os vinhedos brotam exuberantes, formando fileiras ordenadas que parecem subir até o pico das montanhas limítrofes.
A poucos quilômetros de Stellenbosch, vale absolutamente a pena visitar Franschhoek, deliciosa cidadezinha fundada pelos huguenotes franceses e amada por artistas de todo o mundo, com galerias de arte superatuais, butiques de moda e o museu exclusivo de carros históricos com mais de 200 exemplares de marcas famosas como Bugatti, Isotta Fraschini, do início de 1900, até chegar a Aston Martin, Porsche Carrera Gt e Ferrari dos dias de hoje.
Entretanto, a região de Stellenbosch também é famosa pelos seus campos de golfe incríveis. O primeiro deles é o superpremiado Pearl Valley Country Club de Jack Nicklaus (green fee de 495,00 randes – em torno de R$ 120,00 – com carrinho). Na entrada, um megaposter nos recebe com a foto do projeto imobiliário e a escrita: “Live Your Dream” (Viva o seu sonho). Na verdade, viver, jogar e relaxar por esses lados, mesmo se por pouco tempo da nossa vida, seria o sonho de todo mundo.
O campo foi oficialmente inaugurado em 2003, e por três anos consecutivos (2007-2009) sediou o Aberto da África do Sul. Apesar de um cartaz que nos adverte sobre as cobras (“Beware of Snakes”), partimos destemidos já no tee shot do buraco 1.
O buraco 4 (par 5) e o 13 (par 3) são, talvez, os mais interessantes, com uma vista magnífica para as montanhas circunstantes contornadas por um dos cinco lagos da propriedade, que nos obriga a ter atenção máxima no jogo. O buraco 13 é um par três complicado com o green bem defendido por um obstáculo de água que o atravessa por inteiro e por uma banca de areia muito insidiosa. Não tem outro jeito, a bola tem que voar.
O campo, além de ter um desenho técnico de altíssimo nível, nos surpreendeu pelo cuidado da manutenção com fairway e green, nada menos que perfeitos. Nota-se o toque mágico de Nicklaus, acostumado a trabalhar em estreito contato com a mãe natureza, enquanto a combinação do verde intenso de green e fairway se une ao branco da areia fina das bancas.
A CIDADE DA MESA
Deixada a terra dos vinhos, após aproximadamente 50 km chegamos à Cidade do Cabo, a metrópole mais importante da África do Sul, com quase três milhões e meio de habitantes vindos de todo o mundo. Considerada uma das dez cidades mais fascinantes do mundo, deve o seu nome ao Cabo da Boa Esperança, uma das principais atrações dessa vibrante cidade cosmopolita.
A Cidade do Cabo, capital do design em 2014, nos fascina desde o primeiro instante, protegida ao norte pela majestosa Montanha da Mesa, famosa montanha plana como uma mesa facilmente alcançável com um rápido teleférico que domina toda a baía, com o panorama urbano e o Estádio Green Point (terminado exatamente em tempo para a Copa do Mundo de 2010). Ela é circundada ao sul por grandes praias brancas que tocam levemente o imenso Oceano Atlântico.
Infelizmente, a Cidade do Cabo também é uma metrópole com grandes contrastes e desigualdades: a poucos quilômetros do moderno shopping de Waterfront, milhares de pobres vivem em condições precárias nas favelas (a mais famosa da África do Sul, a de Soweto, perto de Johanesburgo, deve o seu nome à sua posição: South West Township). A África do Sul, que também é membro do G20 e, por isso, aspira um papel na economia global, retrocedeu econômica e socialmente após o colapso dos preços das matérias-primas (exceto ouro, platina e diamantes) que continuam sendo o pilar fundamental de suas exportações. Em dois anos, o rand perdeu cerca da metade do seu valor, para a alegria dos turistas (de acordo com um estudo americano, a Cidade do Cabo é a mais barata dos grandes destinos), porém, alimentando uma inflação dificilmente controlável. A dívida pública está apenas um grau acima do temido “nível junk”. A isso se juntaram as loucuras do presidente Zuma, um dos políticos mais controversos e ligados a acusações de corrupção do planeta.
Todavia, apesar de tudo isso, se estiver em busca de parques maravilhosos, praias dignas de filme, além de uma cidade tão acolhedora como Cidade do Cabo, este é o momento certo para visitar a África do Sul.
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