Cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2020, Tóquio já escolheu o campo que receberá os melhores jogadores de golfe do mundo e prepara-se para oferecer instalações futuristas
por Clarisse Sousa
No dia 7 de setembro de 2013, a 125ª Assembleia do Comitê Olímpico Internacional anunciou a cidade que sediará os Jogos Olímpicos em 2020. Numa disputa entre Istambul e Madri, Tóquio levou a melhor. “Estou tão feliz, estou extasiado. Vou compartilhar essa alegria com a população do meu país. Quero que façamos todo o possível para atender às expectativas”, disse na ocasião o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.
E, ao que parece, os japoneses vão, sim, honrar essa promessa. A começar pela escolha do campo que receberá o golfe, o East do Kasumigaseki Country Club, na região noroeste de Tóquio. Na lista de quase 2.500 campos no Japão, o East ocupa a quinta colocação e está entre os cem melhores do mundo, segundo ranking da conceituada publicação norte-americana “Golf Digest”.
Pelo número de campos de golfe fica fácil compreender o quanto a modalidade é popular entre os japoneses. Em todas as regiões do país é possível encontrar clubes e resorts em meio às mais variadas paisagens montanhosas monumentais. E no East do Kasumigaseki CC não poderia ser diferente.
Fundado pelos golfistas Shiro Akaboshi e Kinya Fujita em 1929 e redesenhado por Charles H. Alison em 1961, o East, com 18 buracos par 72 e 7.000 jardas, embora pareça plano, tem ondulações sutis e 130 bunkers traiçoeiramente profundos nos fairways e ao redor dos greens. O buraco 10, um par 3, é o mais desafiador e exige que o golfista encare um lago sobre um barranco para alcançar o green.
A posição de destaque ocupada pelo clube é baseada também nas grandes competições que já recebeu. O East sediou a 5ª edição da Copa do Canadá em 1957 e já recebeu, junto ao West (segundo campo, somando 36 buracos), o Open do Japão quatro vezes, entre outros campeonatos.
O Kasumigaseki, como muitos campos no Japão, possui dois greens em cada buraco. Talvez soe um tanto estranho, mas essa variação tem fundamento. Isso porque o país enfrenta condições climáticas extremas e, por isso, alguns campos foram construídos com o sistema de dois greens, sendo um com gramado específico para climas quentes e outro para os dias frios de inverno. Para os Jogos Olímpicos, ainda não se sabe se o East será convertido para o sistema de um green. Em 2009, alguns buracos foram redesenhados pelo arquiteto norte-americano Jim Fazio.
Tradição e modernidade
A escolha da capital do Japão para sediar os Jogos em 2020 deu-se especialmente pelo projeto apresentado pelas autoridades japonesas. A cidade prometeu instalações futuristas para todas as modalidades esportivas, além de infraestrutura geral de qualidade. Entre outros fatores, o sistema de transporte público, considerado um dos melhores do mundo, e a segurança (são baixíssimas as taxas de violência) contribuíram para que Tóquio recebesse a maioria dos votos (foram 60 contra 36 de Istambul). Para entregar as obras no prazo, estão sendo investidos 4,5 bilhões de dólares. Esse aporte invejável, claro, também colaborou para a escolha.
Que o Japão é o país mais futurista do planeta, ninguém duvida. Tal característica foi conquistada ao longo dos anos, com as diversas reconstruções realizadas após os bombardeios da Segunda Guerra Mundial e os inúmeros terremotos que assolaram o país. Instalações cada vez mais modernas, com tecnologias de ponta, foram e ainda são erguidas a cada reconstrução. Tudo pode ser conferido nos imensos e modernos prédios que “tocam” o céu de Tóquio.
Mas não se engane. A terra do sol nascente, como o país é conhecido, possui uma das culturas mais intrigantes. Especialmente a capital tem faces diversas e, mesmo com as reformas, preserva templos milenares em bairros históricos. São diversos os megacomplexos com museus e galerias que destacam as tradições japonesas. Estas também podem ser conferidas em Asakusa, o bairro mais antigo de Tóquio. Lá estão localizadas as principais e mais antigas atrações da cidade.
A volta ao passado inicia-se numa visita ao Templo de Asakusa – além de mais antigo, é também o mais bonito. O portal Kaminarimon e seus oito pilares, que sustentam uma enorme lanterna japonesa, compõem uma estrutura deslumbrante. Dentro do templo, a avenida Asakusa-dori tem uma grande oferta de lojas que comercializam suvenires e também comidas típicas. A localidade abriga uma estátua da deusa Kannon.
Se de um lado há o encontro com o passado nos bairros mais antigos, de outro há toda a exuberância dos bairros mais elegantes e sofisticados. O Ginza, por exemplo, tem amplas avenidas e está recheado de shopping centers e lojas luxuosas. Vitrines glamourosas também podem ser apreciadas no Harajuku, um dos bairros mais chiques da região.
A meca da tecnologia japonesa fica no bairro Akihabara. Lá, o futuro já chegou. É possível encontrar uma infinidade de lojas com eletroeletrônicos de última geração – e que estão longe de chegar ao Brasil.
Cinquenta anos após sediar os Jogos Olímpicos (em 1964), Tóquio pretende proporcionar uma experiência inesquecível. Além de inovações com altíssima tecnologia prometidas pelas autoridades japonesas, a história milenar daquele país certamente encantará os visitantes em 2020.