Nos mais de 1.800 hectares da propriedade de Massimo Ferragamo, Tom Weiskopf executou uma obra de arte
no único campo de golfe privado da Itália
Tem sempre uma primeira vez na vida e passar pelo portão do clube mais exclusivo e privado da Itália é o sonho de muitos golfistas: uma experiência inesquecível, quase mística. Estamos falando dos 18 buracos de Castiglion del Bosco, dentro da propriedade de Massimo e Chiara Ferragamo, no centro do Vale de Orcia, perto do Parque Natural de Montalcino.
A propriedade de 1.820 hectares foi adquirida em 2003 e um ano depois o Vale de Orcia foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Os trabalhos de reestruturação transformaram as antigas quintas do século XII naquilo que hoje é a Vila de Castiglion del Bosco, ao lado de dez vilarejos que costeiam o campo de golfe.
Massimo Ferragamo é intensamente ligado à sua terra de origem, embora viva em Nova York com toda a família há mais de 30 anos. Quando viu pela primeira vez a propriedade em questão, se apaixonou imediatamente. Foi a aposta mais ambiciosa da sua carreira como empresário: reconstruir do nada, ou quase, um resort mágico com campo de golfe e adega em um contexto territorial único no mundo.
Na verdade, Castiglion del Bosco encontra-se em um parque florestal de azinheiras, imerso em uma densa mancha verde onde corços, faisões e lebres estão por toda parte.
Os vinhedos da propriedade de Ferragamo, classificada por extensão entre as primeiras fazendas produtoras de Brunello de Montalcino, se alternam a fileiras de ciprestes e leves colinas expostas ao sul, perfeitas para que as videiras de Sangiovese produzam o precioso vinho.
E lá em cima, no pico da colina mais alta, surge a Vila que flutua a 340 metros de altitude, na posição dominante nas colinas, e o magnífico campo de golfe.
Desde 2015, Castiglion del Bosco começou uma nova era graças à gestão da Rosewood Hotels & Resorts.
18 buracos antológicos
O campo de Ferragamo é, sem dúvida, o único e verdadeiro campo privado italiano. Foi desenhado por Tom Weiskopf, adversário de Jack Nicklaus, vencedor de 19 títulos nos Tour e campeão do Aberto de 1973. Atualmente, figura entre os melhores arquitetos do meio. Sua principal característica é realizar campos sem desnaturalizar o território, prerrogativa muito amada pelo próprio Ferragamo.
Assim, nasceu Castiglion del Bosco, um campo soberbo onde para jogar é necessário ter o status de membro ou se hospedar na maravilhosa Vila (os hóspedes podem jogar duas vezes por semana, dando preferência aos sócios).
O território que o rodeia é fabuloso: uma estrada branca costeada por altos e pomposos ciprestes (o “sterro”, em toscano) liga Castiglion del Bosco ao resto do mundo. Ao passar pelo portão da club house, vem ao nosso encontro jovens profissionais ingleses, bem como quase todo o estafe do clube, que carregam as taqueiras nos carrinhos de golfe equipados com medidor de distâncias (em jardas), tees de madeira, toalhinhas com o logotipo e água gelada natural ou com gás à disposição.
O atual diretor do clube é David Waters, estimado profissional com experiência nos maiores clubes do mundo, entre os quais -Sunningdale-, o melhor que existe em torno de Londres, e Verdura, que dirigia antes de se mudar para a Toscana. Quem o assiste é a incansável Valentina, responsável pela secretaria dos sócios. Mas quem realmente viu nascer do nada o campo é Pietro Binaghi (irmão de Alberto, técnico da seleção italiana), especialista superintendente que, junto dos seus 15 greenkeepers, toma conta do campo.
A água nesse território é preciosa e, por isso, foram criadas quatro bacias abastecidas por rios e água da chuva, para não afetar o solo aquífero. A grama é de um verde deslumbrante, graças a um mix bem-sucedido mantido em segredo pelo próprio Binaghi. O cuidado quase obsessivo em cada detalhe pode ser notado não só no campo, onde as hastes das bandeiras são revestidas de teak e as bandeiras costuradas a mão, mas também nos novos vestiários inaugurados há pouco tempo. Em perfeito estilo americano, cada sócio tem o seu armário de madeira, com um gracioso porta-chaves de bronze em formato de bolinha de golfe. Proximamente também será concluída a parte de restauração da club house, com uma grande varanda no driving range. Se para muitos a prática quase não existe, aqui dá vontade de bater bolinhas e mais bolinhas, e as do último modelo da TaylorMade estão rigorosamente empilhadas em pirâmide na frente de cada posto de prática.
Quando se chega ao campo, quase dá medo de pisar nos fairways e nos greens, de tão perfeitos que estão. Joga-se no silêncio mais absoluto sem espera ou estresse. Em relação à maioria dos campos de golfes italianos, com tee time geralmente lotado ou em meio a jogadores pouco respeitosos das regras básicas de etiqueta, em Castiglion del Bosco o clima é totalmente diferente, porque este campo representa a meta no imaginário de qualquer golfista.
O campo é bem equilibrado, pode se tornar mais complicado se jogado pelos back tee ou gratificante quando se utilizam os avançados. Cada buraco tem uma característica especial, como o 6, um par cinco curto muito bem defendido por uma série de bancas dispostas como pétalas de rosa.
No entanto, a verdadeira obra prima do arquiteto americano foi cumprida nos segundos nove buracos, a começar pelo 10 (que alguns amam e outros odeiam), um par quatro totalmente em declive com tee shot do topo e uma vista espetacular do green, onde o olhar se perde nos altos ciprestes que margeiam a estrada de terra. Ao chegar ao tee do 11, um longo par quatro dogleg à direita, é preciso se recompor para bater forte e reto o drive sem acabar na vala da direita ou no rough espesso da esquerda.
Todas as bancas de areia fina são uma obra de arte, cuidadas nos mínimos detalhes para aumentar o seu contraste.
Finalmente chega-se ao 13, um dos pares cinco mais compridos da Europa (678 jardas a partir dos back tee). Vale a pena demorar em observar a partida dos profissionais para degustar plenamente a grandeza desse buraco. Logo depois você pensa que vai relaxar com um par três curto, mas o desnível do green e as bancas estão à espreita.
O 17 e o 18 são buracos interessantes e muito bonitos. O último tee shot requer um esforço prolongado para um driver poderoso, melhor se em draw para ter a possibilidade de atingir o green com regularidade.
E não para por aí, já que Castiglion del Bosco se fez conhecer no Gotha do golfe internacional também pelo divertido 19˚ buraco, conhecido como “Brunello Hole”, onde no lugar dos clássicos batedores existem dois magnum de Brunello Campo del Drago da produção vinícola Ferragamo. É aqui que sócios e hóspedes geralmente costumam tomar uma taça do precioso tinto toscano, e nos olhos as imagens de sonho de um dos campos mais bonitos do mundo.
Você pode conferir mais detalhes desse destino na nova edição da revista Golf & Turismo, aqui.